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SAÚDE
Das dez cidades com maior incidência da doença em 2002, cinco estão em Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul
Casos de Aids caem menos na região Sul
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A região Sul é o novo foco de
preocupação da epidemia de Aids
no Brasil. Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da
Saúde, a região consolidou-se no
período de 2001 para 2002 como a
líder na incidência da doença.
Em 2001, o Sul já havia ultrapassado o Sudeste, campeã histórica
em incidência e ainda a líder em
números absolutos. Agora, com
os dados de 2002, os Estados sulistas confirmaram a tendência.
No período entre 2001 e 2002,
houve queda em todos os Estados
do número de casos de Aids por
100 mil habitantes (o que confirma tendência verificada desde
1998). No entanto, a diminuição
dos casos foi menor na região Sul.
A incidência na região Sudeste
caiu de 20,8 para 17,1 por 100 mil
habitantes. Já na região Sul, caiu
de 22,1 para 20,7. No Brasil, o índice caiu de 14,8 para 12,8.
Das dez cidades com maior incidência, cinco estão em Santa
Catarina e duas no Rio Grande do
Sul. "Os maiores índices de usuários de drogas injetáveis estão
nessa região; é uma população
que precisa de atenção especial",
disse Alexandre Grangeiro, coordenador do programa DST/ Aids,
do Ministério da Saúde.
O ministério financia 631 programas de trocas de seringas no
país, atingindo uma população de
145 mil usuários de drogas injetáveis. Esse número significa 18,2%
dos 800 mil dependente de injetáveis, segundo o ministério.
Ontem, em São Paulo, representantes do Ministério da Saúde,
ONGs e do governo norte-americano deram início a um programa
de US$ 48 milhões em seis anos.
Homens e mulheres
A tendência de estabilização na
relação entre homens e mulheres
vem desde 2000. No início dos
anos 80, a relação era de 25 homens para cada mulher.
O mesmo dado não se repete
para a população feminina entre
13 e 19 anos. Para cada homem
com a doença, há 1,2 mulher com
Aids. "Esse público [de 13 a 19
anos], está mais preocupado com
a gravidez do que com a Aids. Em
muitos casos, abandonam o preservativo e adotam outros meios
anticoncepcionais. Outra razão, é
que a iniciação sexual, em geral
acontece com homens mais velhos. Nessa idade, o poder de persuasão para a utilização do preservativo é menor", afirmou
Grangeiro, que apresentou os números da doença no país.
Os dados também não são positivos para as mulheres no que se
refere à mortalidade. No Norte,
Nordeste e no Sul os índices de
óbitos continuam aumentando.
O maior crescimento foi na região
Norte, que teve uma evolução de
45,2% entre 1996 e 2002. Nos demais, os índices cresceram 37,4%
e 24,9%, respectivamente.
"A mulher continua sendo a
prioridade do ministério. Ela,
muitas vezes, não se percebe como um foco da doença e não procura ajuda ou conhecer o diagnóstico", afirmou Grangeiro.
O Ministério da Saúde, apesar
de ter os dados preliminares de
2003, não utiliza esses números,
pois considera que "não são confiáveis". Grangeiro afirma que a
coleta dos dados é demorada e somente podem ser considerada
"fechada" um ano depois.
Escolaridade
A baixa escolaridade é um dos
principais motivos para a transmissão da Aids. Segundo o relatório, existe uma maior incidência
da doença em pessoas com menos de sete anos de estudo. Essa
população representa 46,3% dos
casos da doença.
De 1996 a 2002, houve uma queda de 40% na chamada transmissão vertical (de mãe para filho).
"Em praticamente 50% dos casos,
a transmissão se dá pela falta de
acompanhamento pré-natal",
disse Grangeiro.
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