São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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SAÚDE

Das dez cidades com maior incidência da doença em 2002, cinco estão em Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul

Casos de Aids caem menos na região Sul

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A região Sul é o novo foco de preocupação da epidemia de Aids no Brasil. Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, a região consolidou-se no período de 2001 para 2002 como a líder na incidência da doença.
Em 2001, o Sul já havia ultrapassado o Sudeste, campeã histórica em incidência e ainda a líder em números absolutos. Agora, com os dados de 2002, os Estados sulistas confirmaram a tendência.
No período entre 2001 e 2002, houve queda em todos os Estados do número de casos de Aids por 100 mil habitantes (o que confirma tendência verificada desde 1998). No entanto, a diminuição dos casos foi menor na região Sul.
A incidência na região Sudeste caiu de 20,8 para 17,1 por 100 mil habitantes. Já na região Sul, caiu de 22,1 para 20,7. No Brasil, o índice caiu de 14,8 para 12,8.
Das dez cidades com maior incidência, cinco estão em Santa Catarina e duas no Rio Grande do Sul. "Os maiores índices de usuários de drogas injetáveis estão nessa região; é uma população que precisa de atenção especial", disse Alexandre Grangeiro, coordenador do programa DST/ Aids, do Ministério da Saúde.
O ministério financia 631 programas de trocas de seringas no país, atingindo uma população de 145 mil usuários de drogas injetáveis. Esse número significa 18,2% dos 800 mil dependente de injetáveis, segundo o ministério.
Ontem, em São Paulo, representantes do Ministério da Saúde, ONGs e do governo norte-americano deram início a um programa de US$ 48 milhões em seis anos.

Homens e mulheres
A tendência de estabilização na relação entre homens e mulheres vem desde 2000. No início dos anos 80, a relação era de 25 homens para cada mulher.
O mesmo dado não se repete para a população feminina entre 13 e 19 anos. Para cada homem com a doença, há 1,2 mulher com Aids. "Esse público [de 13 a 19 anos], está mais preocupado com a gravidez do que com a Aids. Em muitos casos, abandonam o preservativo e adotam outros meios anticoncepcionais. Outra razão, é que a iniciação sexual, em geral acontece com homens mais velhos. Nessa idade, o poder de persuasão para a utilização do preservativo é menor", afirmou Grangeiro, que apresentou os números da doença no país.
Os dados também não são positivos para as mulheres no que se refere à mortalidade. No Norte, Nordeste e no Sul os índices de óbitos continuam aumentando. O maior crescimento foi na região Norte, que teve uma evolução de 45,2% entre 1996 e 2002. Nos demais, os índices cresceram 37,4% e 24,9%, respectivamente.
"A mulher continua sendo a prioridade do ministério. Ela, muitas vezes, não se percebe como um foco da doença e não procura ajuda ou conhecer o diagnóstico", afirmou Grangeiro.
O Ministério da Saúde, apesar de ter os dados preliminares de 2003, não utiliza esses números, pois considera que "não são confiáveis". Grangeiro afirma que a coleta dos dados é demorada e somente podem ser considerada "fechada" um ano depois.

Escolaridade
A baixa escolaridade é um dos principais motivos para a transmissão da Aids. Segundo o relatório, existe uma maior incidência da doença em pessoas com menos de sete anos de estudo. Essa população representa 46,3% dos casos da doença.
De 1996 a 2002, houve uma queda de 40% na chamada transmissão vertical (de mãe para filho). "Em praticamente 50% dos casos, a transmissão se dá pela falta de acompanhamento pré-natal", disse Grangeiro.


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