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SÃO PAULO SUBMERSA
Na avenida do Estado, moradores reclamaram de falta de atenção da prefeitura; feriado foi de faxina
Vítimas da chuva fazem mutirão de limpeza
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após o caos provocado
pela chuva na cidade de São Paulo, as famílias atingidas pela enchente passaram o feriado de
Corpus Christi lavando móveis,
utensílios domésticos e recolhendo a sujeira da rua.
Na avenida do Estado (região
central), uma das mais prejudicadas por conta do transbordamento do rio Tamanduateí, moradores fizeram mutirão de limpeza
para tirar a sujeira e os destroços
da rua e reclamaram que a prefeitura não mandou ninguém para
limpar o local.
O comerciante José Manuel
Pinto, 51, que mora em um sobrado na região, passou o dia inteiro
de ontem ajudando os vizinhos a
retirar a lama que ficou acumulada na calçada. "Até agora a prefeitura não veio aqui limpar. A gente
só paga imposto e quando precisa
não tem retorno nenhum", reclamou o morador.
Pinto afirmou que a força da
água do rio derrubou a porta da
sua garagem, atingiu mais de um
metro de altura e praticamente
cobriu o seu automóvel, que não
tinha seguro. "A água chegou até
o volante do carro. Só para recuperar o motor, vou gastar uns R$
1.800", disse.
A dona-de-casa Neide Barbosa,
75, e seu filho Roney Albert Barbosa, 40, passaram a madrugada
de quarta-feira acordados acompanhando a chuva que atingia a
região e a água que entrava em
sua casa. Ontem, eles também
passaram o dia fazendo faxina.
Pagaram ainda uma quantia de
R$ 20 para que um caminhão particular recolhesse a sujeira.
"O descaso da prefeitura com os
moradores daqui é muito grande.
Nós já pedimos isenção do IPTU
[Imposto Predial e Territorial Urbano] e não conseguimos. E até
agora ninguém apareceu para
limpar aqui", disse Roney.
De acordo com ele, o rio Tamanduateí começou a transbordar por volta da 1h da madrugada.
Às 2h30, a água já tinha tomado
todas as casas da região da avenida do Estado. "Hoje [ontem] liguei quatros vezes para a subprefeitura, mas eles dizem apenas
que o pedido está anotado", afirmou Roney.
O comerciante Altibano Moreno, 60, também teve prejuízos depois da chuva de terça-feira. Ele
reclama que foi obrigado a pagar
pela limpeza da rua.
Móveis perdidos
Moreno diz ter perdido um sofá,
uma geladeira, um fogão e uma
máquina de lavar roupas. Os móveis e eletrodomésticos estavam
guardados na garagem de sua casa. "Foi tudo para o lixo. Não deu
para recuperar nada", disse.
Na casa da empregada doméstica Eliana Maria Braz, 46, o drama
também foi grande. Durante a
madrugada de quarta-feira, ao
perceber que a água estava invadindo a sala da casa, ela acordou
seu marido, os filhos e os cunhados para tentar salvar os móveis e
os alimentos.
"Coloquei o fogão e a geladeira
em cima da mesa, o sofá em cima
das cadeiras e retirei os alimentos
do armário. Em poucos minutos a
água invadiu tudo", contou.
Ontem, ela e a cunhada passaram o dia lavando os móveis. As
cadeiras estavam na calçada para
tomar sol. "Perdi alguns objetos e
precisei tirar o fundo do sofá porque entrou água. A limpeza da rua
nós estamos fazendo por conta
própria", relatou a moradora.
A Subprefeitura da Sé, responsável pela região da avenida do
Estado, informou que 20 caminhões estão percorrendo os principais trechos com problemas para fazer a limpeza. A avenida era
um dos pontos em que os fiscais
passariam ainda ontem.
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