São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

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GUERRA URBANA

Promotores fazem carta a favor da polícia

Cerca de 70 integrantes do Ministério Público assinaram documento de apoio enviado à Secretaria da Segurança

Alguns serão responsáveis, no entanto, por denunciar os policiais por suposto abuso nas operações que causaram a morte de civis


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Cerca de 70 promotores de São Paulo se anteciparam à própria apuração da cúpula do Ministério Público de São Paulo sobre a morte de civis em supostos confrontos com policiais e encaminharam uma carta elogiando a ação da polícia paulista nos atentados promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
Muitos desses promotores criminais que assinaram o documento serão os responsáveis por denunciar ou não os policiais em caso de abuso.
A carta foi enviada ontem à tarde, antes de a Secretaria da Segurança Pública ter encaminhado o restante dos documentos exigidos pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, que abriu uma investigação sobre as mortes.
O documento feito pelos promotores foi publicado no site oficial da Secretaria da Segurança Pública, inclusive com as assinaturas.
A carta foi enviada para o comando das polícias Civil e Militar. A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo também recebeu o documento. Na carta à PM, os promotores reconhecem a "eficiência da resposta da Polícia Militar, que se mostrou preocupada em restabelecer a ordem pública violada, defendendo intransigentemente a população do nosso Estado, certos que eventuais excessos praticados individualmente serão objeto de apuração devida pelos órgãos responsáveis".
Entre os promotores que assinaram documentos estão profissionais que atuam nos tribunais do Júri, para onde os casos das mortes serão enviados. São eles que vão denunciar ou não os policiais à Justiça pelos excessos.
"Agentes públicos foram barbaramente executados por organização criminosa. O Ministério Público deve ser e é solidário com essas corporações valorosas no sentido da segurança pública. Mas o Ministério Público também tem uma preocupação com todas as mortes. Todas serão apuradas", afirmou o procurador-geral. Pinho não assinou o documento.
O promotor Dimitrios Eugênio Bueri, que atua na Vara das Execuções Criminais, explicou que a manifestação dos promotores foi uma forma de evitar a impressão de que o Ministério Público quer investigar exclusivamente os excessos da polícia.
Ele negou que a iniciativa seja uma defesa prévia dos policiais e que seus colegas dos tribunais do Júri não se sentiram constrangidos em assinar os documentos. "Ninguém vai passar a mão na cabeça de quem agiu errado".


Colaborou FABIANE LEITE , da Reportagem Local


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