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GUERRA URBANA
Promotores fazem carta a favor da polícia
Cerca de 70 integrantes do Ministério Público assinaram documento de apoio enviado à Secretaria da Segurança
Alguns serão responsáveis,
no entanto, por denunciar
os policiais por suposto
abuso nas operações que
causaram a morte de civis
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
REGIANE SOARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cerca de 70 promotores de
São Paulo se anteciparam à
própria apuração da cúpula do
Ministério Público de São Paulo sobre a morte de civis em supostos confrontos com policiais e encaminharam uma carta elogiando a ação da polícia
paulista nos atentados promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
Muitos desses promotores
criminais que assinaram o documento serão os responsáveis
por denunciar ou não os policiais em caso de abuso.
A carta foi enviada ontem à
tarde, antes de a Secretaria da
Segurança Pública ter encaminhado o restante dos documentos exigidos pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho,
que abriu uma investigação sobre as mortes.
O documento feito pelos promotores foi publicado no site
oficial da Secretaria da Segurança Pública, inclusive com as
assinaturas.
A carta foi enviada para o comando das polícias Civil e Militar. A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo também recebeu o documento. Na carta à
PM, os promotores reconhecem a "eficiência da resposta da
Polícia Militar, que se mostrou
preocupada em restabelecer a
ordem pública violada, defendendo intransigentemente a
população do nosso Estado,
certos que eventuais excessos
praticados individualmente serão objeto de apuração devida
pelos órgãos responsáveis".
Entre os promotores que assinaram documentos estão
profissionais que atuam nos
tribunais do Júri, para onde os
casos das mortes serão enviados. São eles que vão denunciar
ou não os policiais à Justiça pelos excessos.
"Agentes públicos foram barbaramente executados por organização criminosa. O Ministério Público deve ser e é solidário com essas corporações
valorosas no sentido da segurança pública. Mas o Ministério
Público também tem uma
preocupação com todas as
mortes. Todas serão apuradas",
afirmou o procurador-geral. Pinho não assinou o documento.
O promotor Dimitrios Eugênio Bueri, que atua na Vara das
Execuções Criminais, explicou
que a manifestação dos promotores foi uma forma de evitar a
impressão de que o Ministério
Público quer investigar exclusivamente os excessos da polícia.
Ele negou que a iniciativa seja uma defesa prévia dos policiais e que seus colegas dos tribunais do Júri não se sentiram
constrangidos em assinar os
documentos. "Ninguém vai
passar a mão na cabeça de
quem agiu errado".
Colaborou FABIANE LEITE , da Reportagem
Local
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