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Peixe congelado tem água demais, diz teste
Um terço do peso dos filés de merluza e de pescada de 2 das 3 marcas mais consumidas do país era de água, segundo a Pro Teste
Análise apontou ainda filés quase deteriorados e de espécies diferentes das anunciadas; amostras são de supermercados de SP
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Filés de peixe quase deteriorados, com excesso de água e de
espécies diferentes das anunciadas na embalagem. Esse é o
resultado de uma análise feita
pela Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) em duas espécies de peixe
congelado -merluza e pescada- das três marcas de pescados mais conhecidas no país.
Um total de 107 amostras
(caixas de peixe) foi coletado
em fevereiro em supermercados de São Paulo. As marcas
avaliadas foram Costa Sul,
Leardini (ambas de Santa Catarina) e Rica (do Rio de Janeiro).
Um dos dados que impressionaram os técnicos da Pro
Teste foi a quantidade de água
adicionada durante o congelamento do peixe. Um terço do
peso dos filés de merluza e de
pescada da Costa Sul e da Leardini, por exemplo, era de água.
"O consumidor tem direito à
informação sobre o que ele está
comprando de fato. Ele pensa
que está levando dois quilos de
peixe, mas uma grande parte é
água. Um produto aparentemente mais barato pode sair
mais caro com essa quantidade
de água na sua composição",
afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro
Teste e colunista da Folha.
A adição de água é necessária
para a conservação do peixe e
não há regra no Brasil que defina o teor máximo nesses produtos. "O Código de Defesa do
Consumidor garante que o
consumidor deva saber o que
está comprando", diz Dolci.
Na Europa, por exemplo, as
embalagens contêm a informação sobre o peso líquido drenado (escorrido). No teste, apenas os filés de merluza e pescada da marca Rica tinham uma
quantidade de água aceitável
(10%), segundo a Pro Teste.
"O excesso de água pode
acarretar perda de minerais e
vitaminas que estão presentes
no peixe fresco", diz Jocelem
Salgado, professora de nutrição
da Esalq/USP, de Piracicaba, e
presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais.
Algumas das amostras apresentavam deterioração do peixe acima dos limites aceitáveis.
Os filés de merluza Costa Sul e
Rica ficaram na linha limítrofe
entre os estados aceitável e de
decomposição. A pescada da
Rica teve indicadores de decomposição muito acima do
aceitável. "O peixe se deteriora
muito facilmente. E isso pode
trazer infecções gastrointestinais graves", diz Salgado.
Em quatro pescados avaliados, um exame de DNA mostrou que as espécies contidas
nas caixas não são as mesmas
informadas nas embalagens.
A pescada e a merluza da Rica e a merluza da Leardini são,
na realidade, abrótea -espécie
que tem coloração e morfologia
diferente das espécies informadas no rótulo. No caso da merluza Costa Sul, a coordenadora
do teste, Alessandra Macedo,
diz que não se trata dessa espécie, mas o laboratório não soube precisar qual seria o peixe.
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