São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Peixe congelado tem água demais, diz teste

Um terço do peso dos filés de merluza e de pescada de 2 das 3 marcas mais consumidas do país era de água, segundo a Pro Teste

Análise apontou ainda filés quase deteriorados e de espécies diferentes das anunciadas; amostras são de supermercados de SP


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Filés de peixe quase deteriorados, com excesso de água e de espécies diferentes das anunciadas na embalagem. Esse é o resultado de uma análise feita pela Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) em duas espécies de peixe congelado -merluza e pescada- das três marcas de pescados mais conhecidas no país.
Um total de 107 amostras (caixas de peixe) foi coletado em fevereiro em supermercados de São Paulo. As marcas avaliadas foram Costa Sul, Leardini (ambas de Santa Catarina) e Rica (do Rio de Janeiro).
Um dos dados que impressionaram os técnicos da Pro Teste foi a quantidade de água adicionada durante o congelamento do peixe. Um terço do peso dos filés de merluza e de pescada da Costa Sul e da Leardini, por exemplo, era de água.
"O consumidor tem direito à informação sobre o que ele está comprando de fato. Ele pensa que está levando dois quilos de peixe, mas uma grande parte é água. Um produto aparentemente mais barato pode sair mais caro com essa quantidade de água na sua composição", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da Folha.
A adição de água é necessária para a conservação do peixe e não há regra no Brasil que defina o teor máximo nesses produtos. "O Código de Defesa do Consumidor garante que o consumidor deva saber o que está comprando", diz Dolci.
Na Europa, por exemplo, as embalagens contêm a informação sobre o peso líquido drenado (escorrido). No teste, apenas os filés de merluza e pescada da marca Rica tinham uma quantidade de água aceitável (10%), segundo a Pro Teste.
"O excesso de água pode acarretar perda de minerais e vitaminas que estão presentes no peixe fresco", diz Jocelem Salgado, professora de nutrição da Esalq/USP, de Piracicaba, e presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais.
Algumas das amostras apresentavam deterioração do peixe acima dos limites aceitáveis. Os filés de merluza Costa Sul e Rica ficaram na linha limítrofe entre os estados aceitável e de decomposição. A pescada da Rica teve indicadores de decomposição muito acima do aceitável. "O peixe se deteriora muito facilmente. E isso pode trazer infecções gastrointestinais graves", diz Salgado.
Em quatro pescados avaliados, um exame de DNA mostrou que as espécies contidas nas caixas não são as mesmas informadas nas embalagens.
A pescada e a merluza da Rica e a merluza da Leardini são, na realidade, abrótea -espécie que tem coloração e morfologia diferente das espécies informadas no rótulo. No caso da merluza Costa Sul, a coordenadora do teste, Alessandra Macedo, diz que não se trata dessa espécie, mas o laboratório não soube precisar qual seria o peixe.


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