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OMS reconhece direito à quebra de patente
Medida aprovada na reunião anual da entidade em Genebra é considerada uma vitória política do Brasil e de outros emergentes
A proposta encabeçada pelo Brasil de excluir a saúde
do regime de patentes enfrentou resistência dos países desenvolvidos
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O Brasil comemorou a aprovação, no fim de semana, de um
acordo na OMS (Organização
Mundial da Saúde) que reconhece o direito de quebrar patentes de remédios em caso de
necessidade pública.
A estratégia aprovada sábado
em Genebra dá à OMS autoridade para direcionar o debate
sobre propriedade intelectual
na área de saúde, o que foi considerado vitória política pelo
Brasil e outros emergentes.
"É a decisão mais importante
sobre propriedade intelectual
desde Doha", festejou Rodrigo
Estrela, diplomata brasileiro
que acompanhou as negociações em Genebra, lembrando o
acordo de comércio assinado
em 2001 na capital do Qatar.
Segundo ele, a nova estratégia da OMS adota várias propostas defendidas pelo Brasil,
entre elas a de que a entidade
preste assistência aos países
que quebrem patentes.
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, disse à Folha que o
acordo é "um grande avanço".
Militantes da área de saúde
apontaram o peso político da
nova estratégia da OMS. "É
muito bom que o mandato da
OMS na área de propriedade
intelectual tenha sido reforçado", disse Sangeeta Shashikant,
da organização Third World
Network.
O consenso em torno do polêmico tema da propriedade intelectual só foi obtido depois de
uma negociação que varou a
madrugada de sábado.
Os países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos,
relutavam em aceitar a proposta dos emergentes, encabeçados pelo Brasil, de reforçar a
área de saúde como exceção no
regime de patentes.
O acordo fechado no último
dia da reunião anual da OMS
também defende incentivos à
produção de remédios que ajudem no combate às doenças
que mais afetam os pobres. No
Brasil, é o caso da doença de
Chagas e da tuberculose.
Em maio de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
decretou a primeira quebra de
patente de um medicamento
no Brasil -o Efavirenz, do laboratório americano Merck
Sharp&Dohme, usado no tratamento da Aids.
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