|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
88% dos candidatos à OAB-SP são reprovados
Foi a primeira participação da seccional paulista no exame unificado nacional
Só Amapá e Mato Grosso tiveram índice maior de reprovação nesta primeira fase; resultado surpreendeu a cúpula da seccional de SP
ROGÉRIO PAGNAN
LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua primeira participação no exame unificado nacional, a seccional paulista da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) registrou o maior índice de
reprovação de candidatos de
sua história: 88% não conseguiram passar da primeira fase.
No ranking brasileiro, São
Paulo só ficou à frente de Mato
Grosso (88,2%) e Amapá
(88,4%), dentre as 26 unidades
que aderiram à prova única.
Apenas a seccional de Minas
Gerais mantém seu próprio
exame para bacharéis candidatos a exercer a advocacia.
O resultado surpreendeu a
cúpula da seccional paulista.
Apesar de não admitirem abertamente, os advogados esperavam alta no índice de aprovação com o exame unificado,
porque consideravam a prova
paulista muito rigorosa. A reprovação no exame de 2007, o
último com índice confirmado
pela OAB-SP, foi de 68%.
Para Marcelo Cometti, coordenador do curso preparatório
do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, essa expectativa
pode ter influenciado na preparação da prova.
"A prova do Cespe [empresa
que aplica o exame] veio mais
difícil que o usual. Acho que
quiseram mostrar para São
Paulo que a prova deles é tão ou
mais difícil", afirmou ele.
Para o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso,
e o presidente da Comissão de
Estágio e Exame de Ordem da
OAB-SP, Braz Martins Neto, o
resultado reflete a "mercantilização" do ensino jurídico no
país, em especial em São Paulo.
"É o mesmo exame aplicado
no país inteiro. Alguns Estados
foram acima da média, como
Sergipe, com 33% [de aprovação]. A rigor, isso demonstra
que o problema não está na
prova, e sim na falta de preparo
suficiente de uma parcela dos
bacharéis", afirmou D'urso.
Na opinião de Cometti, os
candidatos paulistas tiveram
alguma dificuldade na prova
não por culpa das instituições
de ensino nem do conteúdo ensinado, mas na própria formação básica.
"A prova exigiu maior capacidade de interpretação de texto
e relacionar disciplinas, ou seja,
raciocínio. A prova da OAB-SP
era mais de decoreba."
A segunda fase será em 28 de
junho, com redação de peça jurídica e cinco questões práticas.
Segundo Martins Neto, a expectativa é que, do total dos
18.925 inscritos inicialmente,
apenas 5% sejam aprovados.
Ou seja: 946 pessoas.
Texto Anterior: Francisco Assis Simões Corrêa Neto (1927-2009): "Sou apenas um repórter", dizia o jovem de 71 anos Próximo Texto: Eletronuclear detecta vazamento em Angra 2 Índice
|