São Paulo, quarta-feira, 27 de maio de 2009

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88% dos candidatos à OAB-SP são reprovados

Foi a primeira participação da seccional paulista no exame unificado nacional

Só Amapá e Mato Grosso tiveram índice maior de reprovação nesta primeira fase; resultado surpreendeu a cúpula da seccional de SP


ROGÉRIO PAGNAN
LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua primeira participação no exame unificado nacional, a seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) registrou o maior índice de reprovação de candidatos de sua história: 88% não conseguiram passar da primeira fase.
No ranking brasileiro, São Paulo só ficou à frente de Mato Grosso (88,2%) e Amapá (88,4%), dentre as 26 unidades que aderiram à prova única. Apenas a seccional de Minas Gerais mantém seu próprio exame para bacharéis candidatos a exercer a advocacia.
O resultado surpreendeu a cúpula da seccional paulista. Apesar de não admitirem abertamente, os advogados esperavam alta no índice de aprovação com o exame unificado, porque consideravam a prova paulista muito rigorosa. A reprovação no exame de 2007, o último com índice confirmado pela OAB-SP, foi de 68%.
Para Marcelo Cometti, coordenador do curso preparatório do Complexo Jurídico Damásio de Jesus, essa expectativa pode ter influenciado na preparação da prova.
"A prova do Cespe [empresa que aplica o exame] veio mais difícil que o usual. Acho que quiseram mostrar para São Paulo que a prova deles é tão ou mais difícil", afirmou ele.
Para o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, e o presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-SP, Braz Martins Neto, o resultado reflete a "mercantilização" do ensino jurídico no país, em especial em São Paulo.
"É o mesmo exame aplicado no país inteiro. Alguns Estados foram acima da média, como Sergipe, com 33% [de aprovação]. A rigor, isso demonstra que o problema não está na prova, e sim na falta de preparo suficiente de uma parcela dos bacharéis", afirmou D'urso.
Na opinião de Cometti, os candidatos paulistas tiveram alguma dificuldade na prova não por culpa das instituições de ensino nem do conteúdo ensinado, mas na própria formação básica.
"A prova exigiu maior capacidade de interpretação de texto e relacionar disciplinas, ou seja, raciocínio. A prova da OAB-SP era mais de decoreba."
A segunda fase será em 28 de junho, com redação de peça jurídica e cinco questões práticas. Segundo Martins Neto, a expectativa é que, do total dos 18.925 inscritos inicialmente, apenas 5% sejam aprovados. Ou seja: 946 pessoas.


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