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SAÚDE
Após seis anos sem aumento, pagamento por atendimento especializado, na média, passou de R$ 2,55 para R$ 7,55
Governo reajusta em 196% consultas do SUS
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A menos de quatro meses das
eleições presidenciais e após seis
anos sem conceder reajuste, o governo federal aumentou em 196%
o valor dos atendimentos médicos realizados pelo SUS (Sistema
Único de Saúde).
O pagamento por consulta especializada, na média, quase triplicou, passando de R$ 2,55 para
R$ 7,55. Também foi criado um
piso para consultas, que terá inicialmente o valor de R$ 3,39.
Na ocasião da assinatura da
portaria que concede o reajuste,
representantes das entidades médicas disseram que vão se engajar
politicamente na sucessão presidencial, apoiando o candidato
que encampar as reivindicações
da classe.
"O apoio é suprapartidário, mas
vamos apoiar quem fechar conosco", disse Eleuses Paiva, presidente da AMB (Associação Médica
Brasileira), que representa 250 mil
médicos.
Até o momento, somente o candidato do governo, José Serra
(PSDB-SP), se comprometeu a
apoiar as propostas da associação
e incorporá-las ao seu programa
de governo.
A AMB e o CFM (Conselho Federal de Medicina) enviaram propostas a todos os candidatos a
presidente, pedindo, entre outras
coisas, que se comprometam a
manter e a aumentar os recursos
públicos para a saúde, a apoiar os
programas de Saúde da Família e
Agentes Comunitários de Saúde,
a melhorar a capacitação dos médicos, a controlar a abertura de
novos cursos de medicina e a garantir aos usuários de planos de
saúde o direito de escolher o médico com quem quer se tratar.
Aumentos
Com o aumento, o Ministério
da Saúde repassará aos Estados e
aos municípios recursos adicionais de R$ 163 milhões por ano.
Além do aumento para a consulta especializada, foram reajustadas em 158% as consultas de urgência e emergência, passando de
R$ 3,16 para R$ 8,16. As consultas
com observação do paciente aumentam de R$ 7,47 para R$ 12,47
e as ortopédicas com imobilização provisória sobem de R$ 6,91
para R$ 10.
Segundo Paiva, o valor ainda
não é o ideal, mas sinaliza a vontade de mudar o sistema e de valorizar os profissionais da saúde. De
acordo com a AMB, o preço geralmente pago por consulta especializada na rede privada é entre R$
12 e R$ 20.
Os aumentos atenderam a uma
antiga reivindicação de representantes das entidades médicas e
dos Estados e municípios. Devido
ao baixo valor pago, havia pouca
oferta de prestadores de serviço e
aumento da demanda por atendimento. Vários municípios já vinham complementando, com recursos próprios, o valor da consulta e pagavam até R$ 10 pelo
atendimento realizado.
O ministro da Saúde, Barjas Negri, disse que só foi possível conceder os reajustes porque o orçamento permitiu e que isso sinaliza
a disposição do governo em repor
as perdas dos últimos anos. De
acordo com Negri, o objetivo é
continuar a aumentar o valor nos
próximos anos.
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