São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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SAÚDE

Após seis anos sem aumento, pagamento por atendimento especializado, na média, passou de R$ 2,55 para R$ 7,55

Governo reajusta em 196% consultas do SUS

SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A menos de quatro meses das eleições presidenciais e após seis anos sem conceder reajuste, o governo federal aumentou em 196% o valor dos atendimentos médicos realizados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
O pagamento por consulta especializada, na média, quase triplicou, passando de R$ 2,55 para R$ 7,55. Também foi criado um piso para consultas, que terá inicialmente o valor de R$ 3,39.
Na ocasião da assinatura da portaria que concede o reajuste, representantes das entidades médicas disseram que vão se engajar politicamente na sucessão presidencial, apoiando o candidato que encampar as reivindicações da classe.
"O apoio é suprapartidário, mas vamos apoiar quem fechar conosco", disse Eleuses Paiva, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), que representa 250 mil médicos.
Até o momento, somente o candidato do governo, José Serra (PSDB-SP), se comprometeu a apoiar as propostas da associação e incorporá-las ao seu programa de governo.
A AMB e o CFM (Conselho Federal de Medicina) enviaram propostas a todos os candidatos a presidente, pedindo, entre outras coisas, que se comprometam a manter e a aumentar os recursos públicos para a saúde, a apoiar os programas de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, a melhorar a capacitação dos médicos, a controlar a abertura de novos cursos de medicina e a garantir aos usuários de planos de saúde o direito de escolher o médico com quem quer se tratar.

Aumentos
Com o aumento, o Ministério da Saúde repassará aos Estados e aos municípios recursos adicionais de R$ 163 milhões por ano.
Além do aumento para a consulta especializada, foram reajustadas em 158% as consultas de urgência e emergência, passando de R$ 3,16 para R$ 8,16. As consultas com observação do paciente aumentam de R$ 7,47 para R$ 12,47 e as ortopédicas com imobilização provisória sobem de R$ 6,91 para R$ 10.
Segundo Paiva, o valor ainda não é o ideal, mas sinaliza a vontade de mudar o sistema e de valorizar os profissionais da saúde. De acordo com a AMB, o preço geralmente pago por consulta especializada na rede privada é entre R$ 12 e R$ 20.
Os aumentos atenderam a uma antiga reivindicação de representantes das entidades médicas e dos Estados e municípios. Devido ao baixo valor pago, havia pouca oferta de prestadores de serviço e aumento da demanda por atendimento. Vários municípios já vinham complementando, com recursos próprios, o valor da consulta e pagavam até R$ 10 pelo atendimento realizado.
O ministro da Saúde, Barjas Negri, disse que só foi possível conceder os reajustes porque o orçamento permitiu e que isso sinaliza a disposição do governo em repor as perdas dos últimos anos. De acordo com Negri, o objetivo é continuar a aumentar o valor nos próximos anos.



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