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TRÂNSITO
Atropelamento ainda lidera, apontam dados de 2002
Mortes de motoqueiros superam as de passageiros de carro em SP
FÁBIO GRELLET
DANIELLE BORGES
DO "AGORA"
O trânsito em São Paulo matou em 2002, pela primeira vez, mais
motoqueiros que pessoas em automóveis, segundo dados preliminares da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
As vítimas de atropelamento seguem liderando a lista: 559 pessoas em 2002. Em seguida vêm os motoqueiros (430 mortos) e ocupantes de carros -381 pessoas.
A participação de motoqueiros no total de mortos também subiu:
de 14,6% em 99 para 31,4% em 2002. Se a frota cresceu 41,9% no
período, o número de motoqueiros mortos subiu 75,5%.
"A frota de motos cresceu muito, e esses veículos são muito mais
vulneráveis que carros", afirma
Maurício Régio, assessor de segurança do trânsito da CET.
Estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) indicou que as motos responderam
por 10% da frota e 19% dos R$ 5,3
bilhões de gastos com acidentes
no país em 2001. Em 71% dos acidentes com motos há vítima; entre automóveis, o índice é de 7%.
Hoje, morre na cidade 1 em cada 1.122 motoqueiros. A relação
entre carros é 1 em cada 12.644.
Muitas vítimas são motoboys,
que passam 12 horas por dia "esticando o cabo" -correndo contra
o tempo, entre os carros. "Quem
ganha por entrega anda a até 90
km/h num espaço de 80 cm, entre
carros", diz o motoboy Neílton
dos Santos, 29, três de profissão.
"A formação deles é insuficiente, e falta fiscalização nos exames
de habilitação", diz o consultor de
trânsito Roberto Scaringela.
Os motoboys admitem uma
parcela da culpa, mas elegem os
motoristas de carros os principais
responsáveis pelos acidentes.
"Os acidentes mais comuns são
causados por motoristas de carros que ficam falando ao telefone
e começam a sair da faixa", diz
Neílton dos Santos.
Outro problema é a troca de faixa no congestionamento. "Como
o motorista está devagar, acha
que não precisa dar seta. Mas o
motoboy passa correndo e não há
tempo de desviar", diz Santos.
Para Arnaldo Vieira, 23, "tem
gente demitida que pega a rescisão e compra moto para ser motoboy, mas não tem experiência e
acaba se acidentando facilmente".
A incidência de acidentes cresce
em dias de chuva e de recebimento do salário. Segundo o Hospital
das Clínicas, cerca de cinco pessoas são atendidas por dia em estado grave por acidentes de moto.
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