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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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TRÂNSITO

Atropelamento ainda lidera, apontam dados de 2002

Mortes de motoqueiros superam as de passageiros de carro em SP

FÁBIO GRELLET
DANIELLE BORGES

DO "AGORA"

O trânsito em São Paulo matou em 2002, pela primeira vez, mais motoqueiros que pessoas em automóveis, segundo dados preliminares da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
As vítimas de atropelamento seguem liderando a lista: 559 pessoas em 2002. Em seguida vêm os motoqueiros (430 mortos) e ocupantes de carros -381 pessoas.
A participação de motoqueiros no total de mortos também subiu: de 14,6% em 99 para 31,4% em 2002. Se a frota cresceu 41,9% no período, o número de motoqueiros mortos subiu 75,5%.
"A frota de motos cresceu muito, e esses veículos são muito mais vulneráveis que carros", afirma Maurício Régio, assessor de segurança do trânsito da CET.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicou que as motos responderam por 10% da frota e 19% dos R$ 5,3 bilhões de gastos com acidentes no país em 2001. Em 71% dos acidentes com motos há vítima; entre automóveis, o índice é de 7%.
Hoje, morre na cidade 1 em cada 1.122 motoqueiros. A relação entre carros é 1 em cada 12.644.
Muitas vítimas são motoboys, que passam 12 horas por dia "esticando o cabo" -correndo contra o tempo, entre os carros. "Quem ganha por entrega anda a até 90 km/h num espaço de 80 cm, entre carros", diz o motoboy Neílton dos Santos, 29, três de profissão.
"A formação deles é insuficiente, e falta fiscalização nos exames de habilitação", diz o consultor de trânsito Roberto Scaringela.
Os motoboys admitem uma parcela da culpa, mas elegem os motoristas de carros os principais responsáveis pelos acidentes.
"Os acidentes mais comuns são causados por motoristas de carros que ficam falando ao telefone e começam a sair da faixa", diz Neílton dos Santos.
Outro problema é a troca de faixa no congestionamento. "Como o motorista está devagar, acha que não precisa dar seta. Mas o motoboy passa correndo e não há tempo de desviar", diz Santos.
Para Arnaldo Vieira, 23, "tem gente demitida que pega a rescisão e compra moto para ser motoboy, mas não tem experiência e acaba se acidentando facilmente".
A incidência de acidentes cresce em dias de chuva e de recebimento do salário. Segundo o Hospital das Clínicas, cerca de cinco pessoas são atendidas por dia em estado grave por acidentes de moto.


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