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Medo tira caminhão do Rodoanel à noite
Assaltos, falta de cobertura de celular e baixo policiamento levam empresas a vetar transportes de cargas na via
Folha percorreu nova estrada na quarta-feira e ficou pelo menos três minutos sem cruzar com outro veículo
RICARDO GALLO
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
São ao menos 16 km sem
sinal de celular em estrada
quase deserta e com pouca
iluminação. Com medo de
assaltos, caminhoneiros têm
evitado trafegar pelo trecho
sul do Rodoanel à noite.
Empresas de gerenciamento de risco, por sua vez,
passaram a vetar o uso do trecho sul por transportadoras
de carga. Pelo menos três
alertaram seus clientes.
Não há como assegurar
que nada aconteça em uma
estrada cheia de áreas de
sombra (onde celular não pega), diz a associação das gerenciadoras de risco.
"Quando a carga é considerada valiosa, como eletroeletrônicos, pneus e cobre, nós estamos proibindo o
tráfego à noite pelo trecho
sul", diz Cyro Buonavoglia,
presidente da Gristec (associação de gerenciadoras).
A entidade reúne quase
cem companhias.
Marcelo Brandão, diretor
em uma empresa do setor, a
Columbia, diz que orienta
seus clientes a usar a av. dos
Bandeirantes. A restrição
atinge principalmente cargas acima de R$ 100 mil.
A Gab Transportes toma a
mesma precaução.
No início do mês, o Setcesp
(sindicato das transportadoras de carga) pediu mais presença da polícia. Há duas bases policiais nos 61 km.
Os caminhoneiros ainda
dizem que dos dois lados da
estrada também existem algumas vicinais que poucos
conhecem. Após um assalto,
podem virar rotas de fugas.
"A sensação é de estrada
abandonada. Nenhuma outra do Estado está assim",
afirma Cyro Buonavoglia.
Na quarta-feira, a Folha
foi à rodovia à noite e a encontrou praticamente deserta. Três minutos se passaram
sem que que a reportagem
avistasse outro veículo.
Por enquanto, as estatísticas oficiais não subsidiam a
sensação de insegurança.
Houve um roubo de caminhão e três de colheitadeiras
desde que o trecho sul foi
inaugurado, em 1º de abril,
segundo a Secretaria de Estado dos Transportes.
A secretaria foi indicada
pela Polícia Rodoviária Estadual para falar sobre o tema.
O motorista autônomo Nivaldo Aparecido Quepe, 31,
relata ser uma vítima da insegurança. Ele conta que um
problema no motor do caminhão o fez parar no acostamento à noite. Dois homens
armados saíram do mato e
lhe roubaram R$ 400, dois
celulares e um Nextel.
"Ali, agora, só de dia."
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