|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ar seco faz São Paulo proibir queimadas
Medida inédita visa diminuir impacto negativo do fogo no clima, em regiões do Estado produtoras de cana-de-açúcar
Em Ribeirão Preto, onde há plantações do produto,
umidade chegou a 12%
na terça; abaixo disso,
estado é de emergência
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
A partir de hoje, nenhuma fazenda paulista poderá praticar
queimadas para a colheita da
cana. A medida é inédita no Estado. A Secretaria Estadual do
Meio Ambiente decidiu ontem
suspender a queima em todo o
Estado por tempo indeterminado após a Defesa Civil confirmar as mais baixas taxas de
umidade nas áreas produtoras.
Em Ribeirão Preto (314 km
da capital), a umidade chegou a
12% anteontem, no limite do
estado de emergência, segundo
o Cptec (Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos)
-ontem a pior marca foi de
14%. Segundo a classificação da
Defesa Civil, abaixo de 12%, o
estado é de emergência.
A suspensão passa a vigorar
hoje, com a publicação no "Diário Oficial do Estado", mas desde ontem à tarde o site da secretaria bloqueava novos pedidos de queimadas.
Segundo nota da secretaria, a
interrupção baseia-se em artigo do decreto 47.700, o mesmo
que regulamenta a lei 11.241, de
2003. A legislação prevê a extinção gradativa da queima da
palha da cana até 2031 e obriga
o Estado a suspendê-la na piora
da qualidade do ar.
A nota justifica a interrupção
pelos baixos índices de umidade, que pode oferecer riscos à
saúde pública, "tendo em vista
que as queimadas, em geral,
agravam esse quadro ambiental". A insistência na queimada
implica ao responsável multa
de R$ 417,90 por hectare de
área queimada.
A decisão deve surtir forte
impacto no setor, já que em
apenas um dia o Estado recebe
de 1.500 a 2.000 comunicações
de queimadas para cana. Apesar do volume, a secretaria informou não ser necessário reforçar equipes de fiscais.
Em todo o Estado, os focos de
queimadas captadas por satélite quase dobraram neste ano.
Em julho, até ontem, foram
3.436 focos, ante 1.861 no mesmo período em 2005.
Surpresa
A suspensão, definida ontem
de manhã pelo secretário José
Goldemberg, pegou de surpresa o setor canavieiro. A Unica
(União da Agroindústria Canavieira) soube da decisão à tarde
e disse que deve orientar hoje
as usinas associadas para que
acatem a decisão.
Em nota, a entidade afirma
que as condições climáticas
desfavoráveis "forçam uma situação que preocupa autoridades públicas" e que acompanhará o quadro ambiental.
A suspensão foi definida como "medida acertada pelo Estado" pelo promotor do Meio
Ambiente, Marcelo Goulart.
Ele também cobrou rigor na
aplicação de multas, que dão
base para ações civis públicas.
"A decisão prova que o Estado entende que a queima traz
danos à saúde e ao meio ambiente", afirmou Sandra Kandratavicius, da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil, .
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Clima invernal: Umidade cai na capital e chega a 11% no interior Índice
|