|
Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/SOB NOVA DIREÇÃO
Jobim assume e diz que agora a prioridade é segurança
Novo ministro da Defesa reforçou a intenção de mudar as atribuições da Anac
Jobim criticou a Infraero, que, segundo ele, se preocupou mais em criar shoppings do que de cuidar da estrutura dos aeroportos
EDUARDO SCOLESE
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia após ter assumido o
Ministério da Defesa e já sob a
pressão de buscar soluções
imediatas ao caos aéreo que se
arrasta há dez meses, Nelson
Jobim criticou ontem as antigas prioridades da Infraero
(empresa que administra os aeroportos) e reforçou a idéia de
modificar o comando e as atribuições da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
"Se eventualmente entender
que a modelagem da Anac não
se ajusta a um modelo de aviação brasileiro, a solução é alterar. Não podemos ficar com um
engessamento que eventualmente não esteja funcionando." A agência tem sido criticada por não multar as empresas.
Sobre a Infraero, disse que a
"tendência" é que a empresa
inicie a próxima semana já com
um novo comando, no caso,
com algum "gestor" na vaga do
atual presidente, brigadeiro José Carlos Pereira, que ontem
reagiu com ironia quando questionado se seu sucessor herdará o "pepino" dos aeroportos.
"Pepinos fazem parte da vida. O importante não é o pepino, mas saber lidar com o pepino", disse Pereira.
Além da troca no comando
da Infraero, o ministro da Defesa admitiu a possibilidade de
realizar auditorias na empresa,
acusada pela oposição de, no
primeiro mandato petista, ter
priorizado a aparência ante a
segurança dos aeroportos.
"[Troca do comando e auditorias] são coisas que não se excluem e podem, inclusive, ser
paralelas", disse Jobim, ao prometer uma análise sobre a necessidade de uma investigação
nas contas da empresa.
"Fizemos nos últimos tempos várias reformas de aeroportos, mas era tudo em uma
perspectiva de comodidade dos
usuários. Ontem [anteontem] o
presidente Lula definiu claramente que não se teve nenhuma maior visão sobre a questão
da estrutura de pouso e de decolagem. Mas se teve grandes
preocupações na implantação
de shopping centers e da criação de cinemas."
"Precisamos escolher as nossas prioridades. E as nossas
prioridades começam pelo decolar e pelo trafegar, para chegar finalmente à comodidade.
Ou seja, se o preço da segurança
for manter por algum tempo a
fila, será mantido. É uma questão de opções", disse Jobim.
O peemedebista Jobim falou
em entrevista no início da tarde, após ter formalizado com o
petista Waldir Pires a troca de
comando da pasta, definida por
Lula na última terça-feira.
Ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Jobim assume a Defesa numa
aposta do governo para encontrar uma saída rápida à crise aérea, nos aeroportos desde outubro, mas só anteontem admitida pelo presidente.
Com carta-branca do Planalto, o novo ministro se colocou
ontem como um "maestro" do
governo para conter o caos aéreo, agravado com o acidente
com o Airbus da TAM, semana
passada, em Congonhas. "A
música e a composição são do
presidente. Eu executo", disse.
Próximo Texto: Tragédia em Congonhas/Governo: "Aja ou saia. Faça ou vá embora", diz Jobim diante de antecessor Índice
|