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VIOLÊNCIA
Onda de rebeliões começou no sábado e ainda havia unidades do Tatuapé fora de controle ontem à noite
Motim continua e 360 fogem da Febem
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
A Febem do Tatuapé teve ontem nova série de rebeliões. Houve três motins -um durante a
madrugada, iniciado às 23h de
anteontem, e outros dois durante
a noite. Até as 23h de ontem, os
jovens infratores continuavam fora de controle.
Ao todo, foram mais de 50 horas de fugas, depredação e destruição, iniciadas no sábado.
Houve pequenas pausas na tarde
de domingo e na de ontem.
Pelo menos um interno foi ferido com gravidade. Juliano Ravel
da Silva, 18, teve parte de uma coxa dilacerada e foi socorrido no
Pronto-Socorro do Tatuapé.
A assessoria de imprensa do
hospital informou que o ferimento foi causado por uma bomba
usada para conter o motim, lançada pela polícia. Ele seria submetido a cirurgia nesta madrugada,
mas não corria risco de vida.
Segundo estimativa da Febem,
360 dos 1.450 internos escaparam
desde sábado. Apenas 80, de acordo com ela, haviam sido capturados até o início da noite de ontem.
Causa incerta
Até ontem à noite não estavam
claras as causas das rebeliões. Segundo funcionárias e mães de
adolescentes, a saída da diretora
de uma unidade onde estavam
menores reincidentes e líderes de
motins anteriores pode ter sido o
estopim desse movimento.
A diretora, demitida na sexta-feira, teria encerrado uma fase em
que houve confinamentos e
agressões e iniciado programas de
apoio psicológico. Por essa versão, os menores temiam que os
maus-tratos agora voltassem.
A superlotação da Febem se
agravou no último ano e é naturalmente um fator de estímulo a
rebeliões. Ontem, o governador
Mário Covas admitiu que sua administração tem falhado na tentativa de diminuí-la (leia texto abaixo).
A tropa de choque da Polícia
Militar interveio várias vezes ontem, mas sempre com orientação
de apenas evitar que os internos
fugissem. A cada entrada, o choque "espantava" os rebelados de
volta às unidades e se retirava.
Os monitores da Febem então
tentavam restabelecer o controle
sobre as unidades, mas sem sucesso. "Essas rebeliões estão
acontecendo porque a única coisa
que a Febem sabe fazer é chamar
a tropa de choque para conter os
motins. A Febem não está sabendo impor limites a esses jovens,
há falta de liderança", disse ontem à noite o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor.
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