São Paulo, Terça-feira, 27 de Julho de 1999
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VIOLÊNCIA
Onda de rebeliões começou no sábado e ainda havia unidades do Tatuapé fora de controle ontem à noite
Motim continua e 360 fogem da Febem

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

A Febem do Tatuapé teve ontem nova série de rebeliões. Houve três motins -um durante a madrugada, iniciado às 23h de anteontem, e outros dois durante a noite. Até as 23h de ontem, os jovens infratores continuavam fora de controle.
Ao todo, foram mais de 50 horas de fugas, depredação e destruição, iniciadas no sábado. Houve pequenas pausas na tarde de domingo e na de ontem.
Pelo menos um interno foi ferido com gravidade. Juliano Ravel da Silva, 18, teve parte de uma coxa dilacerada e foi socorrido no Pronto-Socorro do Tatuapé.
A assessoria de imprensa do hospital informou que o ferimento foi causado por uma bomba usada para conter o motim, lançada pela polícia. Ele seria submetido a cirurgia nesta madrugada, mas não corria risco de vida.
Segundo estimativa da Febem, 360 dos 1.450 internos escaparam desde sábado. Apenas 80, de acordo com ela, haviam sido capturados até o início da noite de ontem.

Causa incerta
Até ontem à noite não estavam claras as causas das rebeliões. Segundo funcionárias e mães de adolescentes, a saída da diretora de uma unidade onde estavam menores reincidentes e líderes de motins anteriores pode ter sido o estopim desse movimento.
A diretora, demitida na sexta-feira, teria encerrado uma fase em que houve confinamentos e agressões e iniciado programas de apoio psicológico. Por essa versão, os menores temiam que os maus-tratos agora voltassem.
A superlotação da Febem se agravou no último ano e é naturalmente um fator de estímulo a rebeliões. Ontem, o governador Mário Covas admitiu que sua administração tem falhado na tentativa de diminuí-la (leia texto abaixo).
A tropa de choque da Polícia Militar interveio várias vezes ontem, mas sempre com orientação de apenas evitar que os internos fugissem. A cada entrada, o choque "espantava" os rebelados de volta às unidades e se retirava.
Os monitores da Febem então tentavam restabelecer o controle sobre as unidades, mas sem sucesso. "Essas rebeliões estão acontecendo porque a única coisa que a Febem sabe fazer é chamar a tropa de choque para conter os motins. A Febem não está sabendo impor limites a esses jovens, há falta de liderança", disse ontem à noite o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Menor.


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