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VIOLÊNCIA
Ciclista é atingido ao desviar de buraco; irritados com a equipe de socorro, quatro jovens brigam com bombeiros
Paramédico é agredido, e atropelado morre
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um ciclista atropelado morreu enquanto os paramédicos do
Corpo de Bombeiros que o atendiam eram agredidos numa discussão de trânsito na periferia de Fortaleza (CE). O incidente aconteceu anteontem à noite.
Os agressores chegaram a ser presos, mas foram liberados em
seguida e indiciados apenas por lesão corporal leve. A pena para
esse crime não prevê prisão, mas serviços comunitários ou a entrega de uma cesta básica a uma instituição de caridade. A responsabilidade pela morte do ciclista
ainda será apurada.
Renato Fonteneli dos Santos,
24, trafegava em sua bicicleta pela
avenida Dedé Brasil, uma das
mais movimentadas da periferia
de Fortaleza, no bairro Serrinha,
quando foi atropelado por um
veículo Fiesta ao tentar desviar de
um buraco. O acidente aconteceu
às 20h10 de anteontem.
A ambulância dos bombeiros
chegou em seguida. Os paramédicos iniciaram o atendimento à vítima, que apresentava traumatismo craniano. Os primeiros socorros foram dados na própria avenida. O trânsito no local parou.
Quando o ciclista já seria encaminhado para o hospital IJF (Instituto José Frota), quatro homens
-Elton Sidnei Silva Santos, 20,
George Santos Rodrigues, 24, Sebastião Rodrigues Júnior, 21, e
Mário Andrey, 21- desceram de
um Gol branco para reclamar da
ambulância, que estava atrapalhando o trânsito. Os três primeiros são irmãos, e o quarto homem
é vizinho deles.
Depois de discutirem com os
paramédicos, os quatro homens
começaram a agredi-los. Enquanto isso, o ciclista atropelado continuava a espera de atendimento. A
briga durou pelo menos 15 min.
"Os rapazes disseram que os
bombeiros tinham de retirar a
ambulância do meio da rua, pois
estava atrapalhando a circulação.
A discussão começou com troca
de xingamentos. Em seguida,
ocorreu a agressão física", disse o
delegado Ricardo Nogueira, do
11º Distrito Policial.
Uma segunda ambulância foi
chamada para completar o atendimento. O ciclista só chegou ao
hospital às 22h, quase duas horas
depois de ter sido atropelado, mas
morreu antes de ser atendido.
Como estava sem documentos,
ele deu entrada no IJF como "desconhecido". Renato Santos foi enterrado na tarde de ontem.
Segundo a Polícia Civil, os quatro agressores fugiram do local do
acidente, mas foram capturados
na madrugada de ontem.
"Só o laudo cadavérico vai dizer
se ele (Renato Santos) teria mais
chances de sobreviver se tivesse
chegado mais cedo ao hospital",
disse o delegado.
"Mas, o fato é que, por causa da
briga, não houve o atendimento
médico no tempo adequado à
gravidade do caso." O laudo deverá ficar pronto em um mês.
Ainda segundo o delegado, poderá ser aberto um novo inquérito para apurar as responsabilidades pela morte do ciclista. Por enquanto, existe apenas um inquérito para apurar a agressão aos paramédicos.
Pelos depoimentos prestados,
de acordo com Nogueira, será
muito difícil incriminar os paramédicos pela demora no atendimento. O delegado disse que teoricamente eles não tiveram culpa.
Até o fechamento desta edição, a Agência Folha não conseguiu localizar nem os agressores nem os agredidos.
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