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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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SEGURANÇA

Funcionário apontado pelo Denarc como suspeito foi condenado por desvio de notas verdadeiras, não falsas

Promotoria investiga sumiço de dólares

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-policial civil Francisco Sérgio Louzada Pacheco, apontado pelo Departamento de Narcóticos (Denarc) como o homem que desviou mais de US$ 400 mil em notas falsas da unidade antes de 1993, foi, na verdade, condenado em 1995 pelo desaparecimento de US$ 32 mil verdadeiros.
A constatação foi feita ontem pelo Ministério Público de São Paulo, que apura eventual ato de improbidade e enriquecimento ilícito no sumiço de US$ 582 mil em notas faltas que a Justiça Estadual "emprestou" à Polícia Civil, em 1992, para ajudar em investigações de tráfico de drogas.
Pacheco, apesar de condenado, continua foragido. "Se a polícia agora o aponta como responsável pelo sumiço dos dólares falsos, por que não abriu inquérito antes contra ele?", diz o promotor da Cidadania Saad Mazloum, 41.
Quando Pacheco era responsável pela guarda do dinheiro, houve registro de duas retiradas de US$ 200 mil. Uma auditoria interna do Denarc sobre o caso não localizou recibos de devolução.
A história dos dólares falsos começa em 1987, com a apreensão de US$ 1,850 milhão em notas falsas no aeroporto de Guarulhos (Grande São Paulo).
Cinco anos depois, o Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), órgão do Judiciário estadual, liberou o dinheiro para uso em operações da Polícia Civil. Um levantamento recente do Denarc contatou que US$ 422 mil falsos desapareceram dos cofres da unidade, outros US$ 90 mil foram roubados de policiais em ações e não se sabe onde estão US$ 70 mil.
Do restante das notas, o Dipo mandou incinerar US$ 601 mil no ano passado e, ontem, a Justiça Federal recebeu do Denarc cerca de US$ 664 mil que a unidade conseguiu reunir.
A utilização dos dólares foi suspensa no ano passado pela nova juíza-corregedora do Dipo, Ivana David Boriero. Ela considerou irregular a Justiça Estadual ter autorizado o emprego dos dólares, que faziam parte de um processo da Justiça Federal.
A Promotoria irá requisitar cópia da apuração interna do Denarc para tentar identificar os delegados responsáveis pela guarda do dinheiro. Em outra frente, Mazloum disse que irá analisar as circunstâncias em que dólares foram roubados de policiais. Em 1999, o Denarc perdeu US$ 145 mil falsos em Ribeirão Preto (314 km de SP), levados por supostos traficantes. Parte do dinheiro foi recuperada.


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