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"Mudança burocrática não ajuda"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Salvador Soler, coordenador do escritório centro-sul da
Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância), a Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor) deveria permanecer na
Secretaria de Educação.
"Entendo que o objetivo fundamental da Febem é a educação",
disse. "Na [Secretaria de] Educação, ela se aproximava mais disso,
da inclusão do adolescente através da socioeducação."
Segundo Soler, a alteração de
pasta não significará melhoras se
a estrutura atual da instituição
permanecer. "Se situações de
abusos de adolescentes e os indicadores de inclusão não melhorarem, a mudança burocrática não
vai ajudar muito".
Soler afirmou que a ida da Febem para a Secretaria da Educação, em 2002, não "melhorou algumas informações que recebemos sobre maus tratos a adolescentes e violência continuada".
Segundo ele, independentemente da pasta a que esteja subordinada, a Febem precisa passar
por reformas mais amplas, assim
como as "estruturas judiciais"
que trabalham com ela.
A professora do Instituto de Psicologia da USP Henriette Penha
Morato ironizou as constantes
mudanças de secretaria pelas
quais a Febem vem passando. "É
a terceira ou quarta mudança. Só
falta ir para a Segurança Pública."
Morato, no entanto, aponta aspectos positivos na alteração. Segundo ela, com uma maior proximidade da fundação com o Judiciário, será possível avaliar melhor cada caso dos adolescentes
infratores. Dessa forma, a professora acredita que poderão ser tomadas medidas mais adequadas e
específicas para cada caso.
"Na Secretaria de Justiça, poderá ser feita uma distinção que hoje
praticamente inexiste de diferença de gravidade das infrações.
Acho positivo", afirmou.
Antonio Gilberto Silva, do sindicato dos funcionários da Febem, também cobrou reformas
na estrutura da fundação. "O número de adolescentes é muito
grande para o número de funcionários. Independentemente da
secretaria em que esteja, tem que
olhar a política aplicada. Se não
mudar, a tendência é ficar ainda
mais precária", afirmou.
Para Silva, a passagem da Febem para a secretaria da Justiça e
Cidadania não implicará na aceleração da volta dos funcionários
que estão em greve há 57 dias.
"Para a gente não altera nada se
não mudar a política interna da
fundação. As condições de trabalho são precárias desde o tempo
da Assistência Social".
(VR)
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