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Homicídios caem 51% em 5 anos em SP
Após pico de 6.676 casos no primeiro semestre de 2001, crime teve queda para 3.292 ocorrências no mesmo período deste ano
Especialistas apontam diferentes causas para a redução; média em relação à população ainda é muito maior que em outros países
VICTOR RAMOS
DA REDAÇÃO
Em cinco anos, o número de
homicídios por semestre no
Estado de São Paulo caiu
50,7%. Depois de um pico de
6.676 casos nos seis primeiros
meses de 2001, chegou a 3.292
até junho deste ano. Se a redução é fato, a explicação ainda é
motivo de análises diversas.
Mesmo após os atentados da
facção criminosa PCC, a tendência se manteve. No primeiro semestre de 2005 foram
3.926 assassinatos no Estado.
No mesmo período deste ano,
foram 16% casos a menos.
Os fatores determinantes para a redução dos homicídios
-que começou a ocorrer a partir de 1999, pico anual com
12.818 assassinatos- e seus pesos relativos no processo variam dependendo do analista.
Há quem coloque como fundamental a atuação policial. E há
quem veja em outros aspectos,
como mudanças sociais ocorridas, as causas preponderantes.
O coronel da reserva da PM
José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional da Segurança Pública, destaca três motivos: a restruturação da polícia, deslocando um maior contingente para áreas críticas; o
fortalecimento do DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), com o aumento das prisões por homicídio e a redução da "sensação de
impunidade"; e a ampliação das
vagas no sistema prisional.
Por outro lado, Guaracy Mingardi, diretor científico do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para
Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente) minimiza a importância da atuação
policial: "Pode ter ajudado, embora eu acredite que não".
"Não existe um ponto fundamental. Várias coisas podem
ser somadas", afirma Mingardi,
que cita, entre outros fatores, a
maior atuação dos municípios
no setor, que "constituíram
guardas e fizeram políticas de
prevenção", e o desarmamento
da população.
Ele também aponta mudanças de ordem cultural: "Em certas regiões da cidade, ficou feio
matar. Já não é mais bonito ser
o macho do pedaço".
Projetos sociais
Denis Mizne, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz,
reafirma a importância das
questões do desarmamento e
policial, mas também chama a
atenção para os projetos de
prevenção da criminalidade.
"Seja por parte de ONGs, prefeituras ou governo, os projetos
são focados nos bairros de periferia, onde havia maiores índices de violência. Além disso,
trabalham com o público-alvo
dela, de 15 a 24 anos. Nos bairros que puxaram a queda dos
índices, houve a entrada dos
programas de prevenção", diz.
Túlio Kahn, coordenador da
CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento da Secretaria da Segurança Pública), indica melhorias na atuação e na
estrutura policial como determinante para a redução dos índices e cita, por exemplo, o desenvolvimento do Infocrim,
sistema de informações criminais da pasta.
Aponta ainda aspectos de cunho social, como o aumento no
número de jovens matriculados na escola e o envelhecimento da população.
Apesar da queda, no entanto,
permanece alto o índice de homicídios por 100 mil habitantes. No Estado de São Paulo, em
2005, foi de 18/100 mil. Na capital paulista, 24/100 mil.
Kahn reconhece que o número ainda é alto -em Nova York
gira em torno de 7/100 mil, mas
diz que o patamar de onde se
partiu para a redução era muito
alto. Segundo ele, não há motivo para acreditar que a tendência esteja perdendo fôlego. "Estamos indo na direção certa.
Mesmo com ações do PCC, os
números continuaram caindo."
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