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Celas não têm colchão nem comida
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Comissão de Direitos Humanos encontrou 28 presos -nenhum condenado- em três celas
sem ventilação nem iluminação
no 2º Distrito Policial, em Fortaleza (CE), no bairro de Aldeota.
A única janela do local tinha
cerca de 15 centímetros, de acordo com o relatório.
Os deputados também descrevem no documento que baratas
andavam pelo chão, no mesmo
lugar onde os presos tinham que
dormir.
Não havia camas, colchões ou
cobertores. Também não existia
espaço para os presos se exercitarem nem lugar para que eles tomassem sol.
Além disso, não havia comida
para os detentos. Os presos do local não recebiam, à época da visita
feita pelos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, nenhum tipo de alimentação do Estado. A garantia de receber alimentação está na Lei de
Execuções Penais.
"Eu visito presídios há 20 anos,
mas nunca tive que sair para comprar um lanche para presos. Eles
choravam ao ver a comida", diz o
deputado Marcos Rolim, presidente da CDH.
De acordo com relato dos presos aos deputados da comissão, a
única alimentação recebida era levada pelos familiares nas visitas.
Como muitos não têm família, o
alimento que chegava era distribuído entre todos.
A comissão também detectou
problemas graves de doenças de
pele e infecções pulmonares, além
de crises nervosas. Apesar disso,
os presos não recebiam nenhum
tipo de atendimento médico.
Outro lado
Segundo o coronel Barros Moura, coordenador do Projeto de
Distritos Modelo da Secretaria da
Segurança Pública do Ceará, a falta de alimentação - gerada por
problemas entre as Secretarias da
Justiça e da Segurança- já foi resolvida.
Mas os presos continuam sem
colchões ou cobertas. "Depois de
muito tempo num lugar como
aquele, sem ver a família, o preso
entra em depressão e pode se enforcar com uma manta", afirma o
coronel.
"E os colchões, já se viu que em
qualquer crise eles põem fogo.
Muitos deles têm doenças de pele,
que podem ser transmitidas pelos
colchões. Nós não podemos substituir toda vez que sai um preso",
diz o coronel.
Sobre o excesso de presos, o coronel garante que a cadeia estava
dentro da lotação normal.
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