DA REPORTAGEM LOCAL

O número de doadores de sangue da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo diminuiu 35% nas últimas quatro semanas. A coleta caiu de 4.500 bolsas mensais para 2.925 bolsas .A falta de sangue obrigou a direção do hospital a restringir a marcação de cirurgias em 20%. São realizadas cerca de cem cirurgias em dias normais.
Segundo Dante Langui Júnior, chefe do banco de sangue, o frio e a chuva são fatores que estão contribuindo para agravar o problema. "Com esse tempo, as pessoas evitam sair de casa. É difícil, no entanto, afirmar o que está causando a redução de doadores. O fato é que a falta de consciência da necessidade de doar sangue é crônica no Brasil", diz.
A preocupação na Santa Casa é com o prolongamento da situação. "Se o quadro não mudar nos próximos dias, seremos obrigados a suspender atendimentos de urgência", explica Langui Júnior.
"Temos doentes muito graves, como hemofílicos, que precisam de sangue para sobreviver", diz o diretor clínico Valdir Golim.

Fundação Pró-Sangue
O problema de falta de sangue não atinge apenas a Santa Casa. Na Fundação Pró-Sangue, o maior hemocentro de São Paulo, com 300 hospitais cadastrados, o estoque também está baixo.
De acordo com a assessoria de imprensa da fundação, o ideal é ter sangue estocado para suprir os hospitais por cinco dias. O estoque atual só dá para dois dias.
Uma cidade como São Paulo precisa em média de 35 mil bolsas de sangue por mês. Cada bolsa tem 450 ml de sangue. O Pró-Sangue consegue coletar 20 mil bolsas. O ideal seria coletar pelo menos 25 mil bolsas para manter o estoque com folga.
Apesar da falta de sangue, São Paulo, de acordo com pesquisa da Fundação Pró-Sangue, ainda está em situação privilegiada em relação ao resto do país. Na capital paulista, 60% dos doadores são voluntários e 40% são de reposição (pessoas que doam para familiares ou amigos). Nos demais Estados, esse número é inverso.
Segundo a mesma pesquisa, 38% dos doadores paulistanos são mulheres, 75% têm entre 18 e 35 anos e a grande maioria pertence às classes sociais mais baixas.