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VIOLÊNCIA
Policiais relatam que reagiram a tiros e mataram dois acusados de serem traficantes; comércio é vizinho a delegacia
No RJ, após ação da PM, tráfico fecha lojas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Pelo menos 30 lojas vizinhas à
delegacia do Catete (9ª DP) e a
dois quarteirões da sede da Arquidiocese do Rio não abriram
ontem por ordem de traficantes
do morro Santo Amaro (zona sul
do Rio de Janeiro).
A determinação do tráfico foi
consequência da morte pela Polícia Militar, anteontem à noite, de
dois acusados de integrar a quadrilha do traficante Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor.
Um deles tinha 15 anos.
Vinculado à facção CV (Comando Vermelho), My Thor foi
um dos líderes da rebelião no presídio Bangu 1 (zona oeste do Rio)
ocorrida no dia 11 e que resultou
na morte de quatro presos. O tráfico no Santo Amaro é controlado
por ele, que está no Batalhão de
Choque da PM (Polícia Militar)
com Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, e Elias
Pereira da Silva, o Elias Maluco.
Em sinal de luto, os traficantes
mandaram fechar todo o comércio na favela e nas ruas próximas.
Eles estenderam duas faixas pretas em um acesso ao morro.
De manhã, a PM reforçou o patrulhamento nas ruas do Catete e
Pedro Américo, na tentativa de
garantir o funcionamento do comércio. Apesar da presença policial, pelo menos 30 lojas da Pedro
Américo, onde fica a 9ª DP (Delegacia de Polícia), não abriram. O
delegado Antônio Calazans não
quis falar sobre o assunto.
Comerciantes ouvidos pela Folha disseram que não abriram por
precaução, pois, de madrugada,
moradores da favela montaram
barricadas na Pedro Américo para protestar contra a ação da PM.
Caçambas de lixo foram queimadas. A manifestação foi interrompida com a chegada de policiais.
Ninguém foi preso.
O morro Santo Amaro fica a
dois quarteirões da Arquidiocese
do Rio, onde vive o arcebispo da
cidade, d. Eusébio Scheid. Até às
19h30, ele não havia se pronunciado sobre o episódio.
O tiroteio começou por volta
das 23h. Segundo o comandante
do 2º Batalhão, tenente-coronel
Giovani Caroprese, policiais da
unidade e do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel) patrulhavam a favela quando foram alvejados pelos traficantes.
Os PMs reagiram, disse o comandante. No tiroteio, Djalma
Medeiros da Silva, 22, e Cleiton da
Silva Lima, 15, foram baleados e
morreram no hospital.
Segundo a Polícia Civil, Medeiros da Silva era um dos gerentes
do tráfico no Santo Amaro. Já o
adolescente trabalhava como
olheiro para os traficantes.
Moradores negaram a versão da
polícia e disseram que as vítimas
eram trabalhadoras. Mãe de Cleiton, a comerciante Sônia da Silva
Lima, 31, disse que o filho foi morto a sangue frio pelos PMs.
"Meu filho estava com parte dos
braços e pernas arrancados pelos
tiros de fuzil. Não sei mais o que
fazer da minha vida", disse ela.
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