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ABUSO POLICIAL
Inquérito concluiu que comerciante foi vítima de tortura; Polícia Civil inicia a reconstituição do crime
PF indicia agentes e presos por agressão a sino-brasileiro
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Federal indiciou ontem 12 pessoas, entre agentes penitenciários e presos, sob a acusação de terem participado do espancamento que levou à morte do
comerciante sino-brasileiro Chan
Kim Chang. O inquérito concluiu
que ele foi vítima de tortura.
Chan morreu no último dia 4
após ficar dez dias internado, em
consequência das agressões que
sofreu no presídio estadual Ary
Franco, em Água Santa (zona
norte do Rio). Ele tinha 46 anos.
Também foi indiciado o major
PM Luiz Augusto Mathias, que dirigia o Ary Franco quando Chan
foi espancado. Os nomes dos outros acusados não foram revelados pela PF, sob o argumento de
que o processo correrá em segredo de Justiça.
Além do crime de tortura, inafiançável, os indiciados ainda foram acusados de falsidade ideológica e desobediência. O inquérito
seguiu para o Ministério Público
Federal, que poderá denunciá-los
à Justiça. Seis agentes penitenciários suspeitos de terem agredido
Chan estão presos preventivamente desde o dia 6. Mathias foi
afastado do cargo.
Segundo o inquérito da PF, a
tortura foi praticada como forma
de castigo contra o comerciante.
Chan foi preso no dia 25 de agosto
por policiais federais no Aeroporto Internacional Antônio Carlos
Jobim, quando tentava embarcar
para os Estados Unidos com US$
31 mil não-declarados à Receita.
Responsável pelo inquérito, o
delegado Victor Hugo Poubel
descartou a versão de "autolesão", sustentada pelos agentes
que foram presos. Segundo os
guardas, Chan se negou a tirar
uma foto e teria "surtado", batendo com a cabeça em um armário.
Ao mesmo tempo em que a PF
divulgava a conclusão do inquérito, a Corregedoria da Polícia Civil
do Rio e a Delegacia de Homicídios iniciavam a reconstituição
do crime no presídio Ary Franco.
A sessão não havia sido encerrada até a conclusão desta edição. O
delegado Marcelo Fernandes afirmou que vai "ignorar" o inquérito
da PF, já que "a investigação é de
competência da Polícia Civil".
O secretário estadual de Administração Penitenciária, Astério
Pereira dos Santos, e o ex-diretor
do Ary Franco Luiz Augusto Mathias não foram localizados até a
conclusão desta edição para comentar o inquérito da PF.
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