São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Detento é suspeito de matar os 2 irmãos

Ademir Oliveira do Rosário, 36, já cumpre pena em uma unidade prisional psiquiátrica que prevê saída aos finais de semana

Ele foi apontado pela polícia como o autor das mortes na serra da Cantareira; suspeito foi preso ontem em um hospital de custódia

GILMAR PENTEADO
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia apontou o detento Ademir Oliveira do Rosário, 36, como o autor dos assassinatos dos irmãos Josenildo José Ferreira de Oliveira, 13, e Francisco Ferreira de Oliveira Neto, 14, ocorridos na serra da Cantareira, zona norte de São Paulo. Ele já cumpre pena em uma unidade prisional de tratamento psiquiátrico que prevê saída aos finais de semana.
Rosário teve a prisão temporária decretada pela Justiça por 30 dias por suposta participação no duplo homicídio. Ele já é detento em desinternação progressiva -passa os finais de semana em casa- do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. A unidade prisional abriga detentos com transtornos psicológicos.
Ele saiu da unidade prisional na última sexta e retornou na segunda, segundo dados de seu cadastro no sistema prisional. O crime ocorreu no sábado.
Os irmãos foram encontrados pela polícia, anteontem, nus e com várias perfurações pelo corpo -um deles tinha um braço quebrado. Foram encontradas também embalagens de preservativo no local. A polícia diz que ainda não se pode afirmar que houve abuso sexual.
Segundo o delegado Raul Machado Tilcher, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), o preso está "admitindo aos poucos a participação no crime" -ele teria admitido ter estado no local do crime no sábado, mas não tinha sido ouvido oficialmente até a noite de ontem.
Rosário não tinha advogado constituído e a reportagem não teve acesso ao suspeito. Ele chegou à sede do DHPP por volta das 22h de ontem. A polícia pretendia fazer o depoimento oficial dele e o reconhecimento por parte de três garotos sobreviventes, que teriam sido atacados por ele horas antes da morte dos dois irmãos.
Segundo o DHPP, Rosário ainda tem antecedentes criminais por atentado violento ao pudor e roubo. O DHPP acredita que ele está envolvido em outros crimes sexuais. Quatro mortes ocorridas desde fevereiro passado, na mesma região, estão sob investigação.
Rosário foi preso às 19h30 por policiais do DHPP no Hospital Psiquiátrico de Franco da Rocha, segundo um funcionário que não quis se identificar.
Para conseguir a desinternação progressiva, o preso precisa ser aprovado em uma perícia médica que ateste a sua não-periculosidade. Ontem à tarde, a assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária afirmou que não poderia fornecer nenhuma informação sobre a condição do preso nem mesmo a unidade e o tempo de prisão.
Funcionários ouvidos pela Folha, no entanto, reclamam de faltas de médicos, o que prejudicaria a avaliação e o acompanhamento psicológico dos detentos. A ausência de profissionais motivou uma vistoria realizada pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo 15 dias atrás.
Ontem à tarde, dois familiares do preso foram levados por policiais para prestar depoimento. Segundo o DHPP, Rosário é bastante conhecido na região onde ocorreram os crimes. "[Essa pessoa] é conhecida pela população local. Segundo moradores, todo mundo o conhecia, inclusive as vítimas", afirmou a delegada responsável pelo caso, Cíntia Tucunduva.
A polícia paulista chegou até a família do preso depois de colher informações de moradores, que o reconheceram pelo retrato falado feito com informações de três garotos.
Os meninos foram atacados por um homem que dizia estar armado no mesmo sábado do ataque aos irmãos, mas conseguiram fugir. A polícia afirma acreditar que o suspeito preso fez os dois ataques.


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