Raimundo Pacco/Folha Imagem

A empresária Kelly Tortelli, que diz ter sido vítima de erro médico

DA REPORTAGEM LOCAL

"Eles se formam em medicina e não gostam de idéia de perder anos e anos fazendo uma residência. Querem é ganhar dinheiro rápido."
A frase é da publicitária Fernanda (nome fictício), 50, que diz ter sido "mutilada" numa cirurgia estética nos seios feita por um médico que se dizia cirurgião plástico.
As mamas ficaram de tamanhos diferentes, os mamilos acabaram em posições distintas, as cicatrizes ficaram grandes demais e a pele entre as mamas ganhou uma dobra.
Foi só depois da operação que Fernanda descobriu que o médico não tinha especialização nenhuma.
"Quem é que desconfia de um médico? Hoje eu sei que as pessoas devem ligar para a sociedade daquela especialidade para ver se o médico tem o título", diz ela. A "barbeiragem" foi corrigida por outro médico.
Ela apresentou uma denúncia ao Cremesp no ano 2000. O médico foi condenado em abril deste ano, mas a pena não foi divulgada. As penas vão de uma advertência à perda do direito de exercer a medicina.
A empresária Kelly Tortelli, 36, também afirma ter sido vítima de erro médico. "Paguei para ser mutilada", conta. Ela se submeteu a uma cirurgia de redução de mama em 2003 numa clínica privada.
Kelly diz ter sido operada ao mesmo tempo por um cirurgião plástico e um pediatra -ambos estão sendo processados. "Cheguei a fazer tratamento psiquiátrico por causa do trauma", ela conta.
Oswaldo Adriano Castelan, 30, processa o anestesiologista que dirige uma clínica de cirurgia plástica. No local, ele se submeteu a uma operação para corrigir uma fratura no nariz. Primeiro, o nariz ficou torto para a esquerda. A operação foi refeita e o nariz acabou torto para a direita. "Parei de trabalhar, não saio de casa. Estou num estado lastimável."
O anestesiologista é processado porque, segundo Castelan, recusa-se a fornecer seu prontuário médico. Assim que tiver o documento, ele pretende processar o cirurgião plástico. (RW)

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