São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Procuradoria recolhe maleta que rastreia celular em presídio

Aparelho, que custou R$ 700 mil e foi importado de Israel, foi usado em varreduras em penitenciárias de MS e do PR

A maleta ainda pode gravar conversas, mas essa função não é usada nos presídios, afirma o Departamento Penitenciário Nacional

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um aparelho importado usado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) para rastrear celulares em unidades prisionais de todo o país foi recolhido para perícia pelo Ministério Público Federal.
O recolhimento do aparelho, que custou cerca de R$ 700 mil e foi trazido em maio passado de Israel, ocorreu 15 dias atrás e não há prazo para devolução.
Por conta disso, de acordo com o Ministério da Justiça, pedidos de varredura feitas por dois governos estaduais já deixaram de ser feitos nesse período. A pasta não divulga os Estados justamente para não alertar os criminosos.
O aparelho, conhecido como ERB móvel ou sistema de extração de identidade de celular, já foi usado quatro vezes desde a sua aquisição pelo governo federal. Passou por penitenciárias do Ceará e de Mato Grosso do Sul, entre elas a unidade federal de Campo Grande, e pelo presídio de Catanduvas (PR).
Com a ajuda desse aparelho, de acordo com o Depen, recolheu-se cerca de mil celulares tanto em penitenciárias cearenses como em sul-matogrossenses. O equipamento é uma espécie de laptop com antena. Ele pode identificar, um a um, os celulares existentes dentro de uma unidade prisional, além de bloqueá-los em seguida.
Embora o aparelho possa gravar conversas, o Depen informou que a maleta é usada apenas para bloquear o uso de celulares em presídios.
O pedido do Ministério Público Federal, autorizado pela Justiça Federal, ocorreu por conta da crise nacional gerada pelo uso indiscriminado de interceptações telefônicas, após gravação e divulgação de conversa entre o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
Os procuradores solicitaram ao ministério a entrega para análise de todos os equipamentos desse tipo que estão sob responsabilidade da Polícia Federal, do Depen, da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Ao responder em ofício ao Ministério Público, a pasta entregou dez aparelhos da PF e esse do Depen, além de ter informado sobre a ausência desse tipo de equipamento na Senasp e na PRF. No mesmo documento, o Ministério da Justiça solicitou que o único aparelho do Depen fosse devolvido o quanto antes.
Enquanto estuda a importação de outros aparelhos desse tipo, o ministério está treinando técnicos para poder manuseá-los nessas operações nos Estados.


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