São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Moradora diz que terá de pagar até R$ 7.000 por obra

Acordo para reforma das calçadas na Oscar Freire foi feito entre a prefeitura e o Emiliano

Subprefeitura diz que acordo previa que custo seria dividido entre os comerciantes; hotel diz que consultou moradores

TALITA BEDINELLI
BRUNA SANIELE

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Moradores da rua Oscar Freire (zona oeste de SP), no trecho entre a ruas Padre João Manuel e Ministro Rocha Azevedo, se rebelaram contra as obras de modernização e reurbanização das calçadas, que deverão começar em novembro. É que caberá a eles pagar pela reforma -um dos prédios terá que pagar R$ 76 mil, dividido em cinco vezes.
Localizado em uma área conhecida como "baixo Jardins", justamente pela pouca quantidade de lojas luxuosas que deram fama à rua, o trecho que passará pela reforma tem cerca de 1.300 metros quadrados.
No final de setembro, um acordo entre a Prefeitura de São Paulo e o Hotel Emiliano, que fica no quarteirão, estabeleceu que o trecho da rua ganharia o mesmo aspecto que os cinco quarteirões da parte mais nobre da Oscar Freire, composta, em sua grande maioria, por lojas de alto padrão. Procurada ontem pela Folha, a Subprefeitura de Pinheiros disse que desconhecia que o valor seria repassado aos moradores.
A reforma, cujo valor está orçado em R$ 1,5 milhão, deveria ser captado, de acordo com o termo de cooperação assinado, pelos comerciantes. Ela prevê a troca do piso das calçadas, aterramento dos fios suspensos e o alargamento das calçadas nas esquinas para cinco metros, dois a mais do que o atual. Os custos são referentes à reforma do pavimento e à manutenção.
A prefeitura arcará com os valores referentes a substituição das guias e sarjetas, com a instalação de postes de iluminação e com baias de estacionamento, a um custo estimado, em agosto, de R$ 250 mil. Outra parte, será patrocinada por um banco.
O restante, R$ 400 mil, será reteado por todos os lotes que fazem parte do quarteirão. O problema, segundo moradores ouvidos pela Folha, é que diferentemente dos outros cinco quarteirões, no local existem, além do Hotel Emiliano, apenas outras três lojas, uma parte do supermercado Pão de Açúcar, que fica em uma das esquinas, e uma parte de um posto de gasolina, em outra esquina.
O restante são seis prédios.
"É um absurdo. Os moradores aqui não são ricos. A classe média vai ter que pagar calçada para a prefeitura em pleno ano de eleição?", reclama a artista plástica Renata Barros, 47, moradora de um dos prédios, onde, segundo ela, cada apartamento terá que pagar R$ 7.000, parcelados em cinco vezes.
A subprefeitura , responsável pela parceria, afirma que o acordo dela foi estabelecido com o hotel e não com os moradores. E que eles não serão cobrados judicialmente pela prefeitura, caso não paguem.
O Emiliano, por sua vez, afirma que antes de assinar o acordo com a prefeitura consultou todos os moradores e comerciantes sobre o rateio e que os prédios tomaram a decisão de participar em assembléia. Os síndicos dos condomínios não foram localizados ontem à tarde pela Folha.
"O Emiliano é que quer. Ele que pague", afirma o gerente comercial Maurice Matchoro, 54, também morador da rua. "Nós moradores é que vamos pagar, mas a prefeitura é que vai mostrar que fez. Ela que vai levar o crédito de a Oscar Freire ser a sétima avenida mais bonita do mundo", ressalta.


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