São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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ANANIAS GOMES DE OLIVEIRA (1929-2009)

Morreu sem saber se era filho de Lampião e Maria Bonita

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ananias era um homem moreno, baixinho e sem pescoço -o que ajudava a encurtar ainda mais o seu 1,65 metro. Em meio a características físicas tão peculiares, os filhos achavam estranho o fato de ele ter um irmão gêmeo tão diferente: Arlindo era bem mais branco e tinha pescoço.
Causava ainda mais estranheza a história que eles costumavam contar: Ananias havia nascido três dias depois. O mistério ganhou ainda mais força em 2005, quando ele foi à Bahia, de onde saíra em um pau-de-arara na década de 1950 para trabalhar como pedreiro em São Paulo.
Um burburinho na família dava conta de que ele podia ser filho de Lampião com Maria Bonita, de quem, até então, ele achava que fosse irmão. Ananias teria sido entregue à mãe dela para que o casal pudesse continuar no cangaço - hipótese também estudada por historiadores.
Desde então, o pedreiro, que se orgulhava de ter construído grande parte dos prédios de Moema (região nobre da zona sul da capital paulista), travou uma luta para buscar sua verdadeira identidade. Entrou com um processo na Justiça e fez dois exames de DNA -que, de acordo com a filha Deuza, tiveram resultados inconclusivos.
Passou a dizer que queria morrer antes de chegar aos 80, pois já tinha "cumprido sua missão". Queria perguntar a Lampião se era realmente seu filho. Na terça teve um infarto e morreu, aos 79 anos, sem saber o resultado do processo. Deixou quatro filhos, 13 netos e oito bisnetos.

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