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ANANIAS GOMES DE OLIVEIRA (1929-2009)
Morreu sem saber se era filho de Lampião e Maria Bonita
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ananias era um homem
moreno, baixinho e sem pescoço -o que ajudava a encurtar ainda mais o seu 1,65 metro. Em meio a características
físicas tão peculiares, os filhos
achavam estranho o fato de
ele ter um irmão gêmeo tão
diferente: Arlindo era bem
mais branco e tinha pescoço.
Causava ainda mais estranheza a história que eles costumavam contar: Ananias havia nascido três dias depois.
O mistério ganhou ainda
mais força em 2005, quando
ele foi à Bahia, de onde saíra
em um pau-de-arara na década de 1950 para trabalhar como pedreiro em São Paulo.
Um burburinho na família
dava conta de que ele podia
ser filho de Lampião com Maria Bonita, de quem, até então, ele achava que fosse irmão. Ananias teria sido entregue à mãe dela para que o
casal pudesse continuar no
cangaço - hipótese também
estudada por historiadores.
Desde então, o pedreiro,
que se orgulhava de ter construído grande parte dos prédios de Moema (região nobre
da zona sul da capital paulista), travou uma luta para buscar sua verdadeira identidade. Entrou com um processo
na Justiça e fez dois exames
de DNA -que, de acordo com
a filha Deuza, tiveram resultados inconclusivos.
Passou a dizer que queria
morrer antes de chegar aos
80, pois já tinha "cumprido
sua missão". Queria perguntar a Lampião se era realmente seu filho. Na terça teve um
infarto e morreu, aos 79 anos,
sem saber o resultado do processo. Deixou quatro filhos,
13 netos e oito bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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