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ANÁLISE
Vida em único espaço atrapalha sociabilização das pessoas
ANA MERCÊS BAHIA BOCK
ESPECIAL PARA A FOLHA
Viver em um espaço restrito tem sido uma preocupação importante para a psicologia, pois estudos têm demonstrado que há um empobrecimento psicológico e social quando a vida toda cabe
em um espaço delimitado.
Seja ele um condomínio,
um manicômio ou uma
prisão.
Parte-se da ideia de que o
desenvolvimento psíquico se
dá na vida cotidiana.
As experiências do dia a
dia, as relações sociais e o
contato com a cultura de nosso tempo nos permitem um
triplo processo:
De humanização (nos tornamos humanos à imagem e
semelhança dos humanos
adultos de nosso tempo),
nos socializamos (nos apropriamos das especificidades
da cultura de nosso lugar) e
nos individualizamos (nos
singularizamos).
Quanto mais rico é todo esse processo, melhores são
os resultados em termos de
desenvolvimento pessoal e
coletivo.
A juventude é um momento rico, pois os sujeitos estão
abertos ao novo, exatamente
porque estão em busca da
identidade adulta.
Querem conhecer, experimentar, testar, vivenciar na
busca da construção de
seus gostos, preferências,
hábitos.
As metrópoles e seu cotidiano violento restringem o
espaço da cidade, e os jovens
têm sido as maiores vítimas
desse processo.
Sejam aqueles que ficam
presos nos condomínios e
shoppings "seguros"; sejam
os que não podem ultrapassar as linhas de entrada destes lugares. Todos perdem.
A restrição dos espaços pode ainda obrigar os jovens a
uma mesma atividade, que
se torna hábito e que repete
uma mesmice empobrecida.
Por exemplo, consumir artigos supérfluos e consumir
sem parar, sem que a necessidade se veja em algum momento satisfeita.
ANA MERCÊS BAHIA BOCK , 58, é
psicóloga, professora de psicologia social e
da educação na PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica), membro do
Instituto Silvia Lane de Psicologia e
Compromisso Social. Foi presidente do
Conselho Federal de Psicologia e é autora
de vários livros.
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