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MARINGÁ
Câmara Municipal concede afastamento a Jairo Gianoto, investigado por Promotoria pelo desvio de dinheiro público
Prefeito acusado de corrupção pede licença
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O prefeito de Maringá, Jairo
Gianoto (PSDB), pediu ontem à
Câmara Municipal de Maringá licença por tempo indeterminado
do cargo. O pedido -aceito- foi
uma manobra para evitar que ele
seja afastado judicialmente. O Ministério Público do Paraná encontrou depósitos da prefeitura em
contas particulares de Gianoto.
O promotor de Defesa do Patrimônio Público José Aparecido
Cruz, 46, disse que já estão comprovados desvios de R$ 3,150 milhões dos cofres do município.
Do dinheiro comprovadamente
desviado, R$ 2,6 milhões foram
depositados na conta do ex-secretário da Fazenda Luís Antônio
Paolicchi; R$ 549 mil, nas contas
bancárias de Gianoto no Banco
do Brasil e no Banestado.
Segundo Cruz, cheques nominais emitidos à Prefeitura de Maringá foram endossados e depositados nas contas de Gianoto, no
período que vai de outubro de
1997 a março de 1999.
"Foi uma ação de rapinagem
pura e simples. Os desvios foram
feitos com a certeza da impunidade, fica difícil acreditar que tenham tido tanta coragem", afirmou o promotor.
Gianoto, o ex-secretário Paolicchi e os funcionários municipais
Jorge Aparecido Sossai e Rosemeire Castelhano Barbosa respondem a ação civil por crime de
improbidade administrativa.
Além deles, o advogado Waldemir Ronaldo Corrêia é acusado de
ter se beneficiado dos desvios.
Barbosa e Sossai eram os funcionários encarregados de assinar
os cheques da prefeitura e são
acusados de cumplicidade.
Além da ação civil, o promotor
Cruz solicitou ao centro de apoio
do Ministério Público uma ação
criminal contra Gianoto e os demais acusados.
O ex-secretário Paolicchi responde ainda a ação no Ministério
Público Federal por sonegação
fiscal e enriquecimento ilícito. Ele
está com prisão preventiva decretada pela Justiça Federal.
O Ministério Público Federal investiga também ligações de Paolicchi com o crime organizado no
Paraná. Ele mantinha ligações comerciais com Hissam Hussein,
preso pela CPI do Narcotráfico da
Assembléia Legislativa. Hussein é
acusado de comandar a distribuição de drogas na região Sul.
Manobra
Ontem pela manhã, ao tomar
conhecimento de que o promotor
já tinha documentos que comprovavam depósitos em suas contas bancárias, Gianoto protocolou, às 11h30, requerimento na
Promotoria de Defesa do Patrimônio Público em que registrava
seu pedido de licença por tempo
indeterminado. Com isso, ele evitou ser afastado judicialmente.
A justificativa de Gianoto para o
pedido de licença era o interesse
em facilitar o trabalho de auditores do Tribunal de Contas do Paraná no município.
Desde o início da semana, uma
equipe do tribunal analisa as contas do município. A auditoria
aconteceu após pedido formal do
Ministério Público do Paraná.
Na tarde de ontem, os vereadores aprovaram, por 16 votos contra 4, o pedido de licença.
A aprovação da licença foi criticada pelos quatro vereadores que
faziam oposição a Gianoto, Aldi
Mertz (PDT), Décio Sperandio
(PDT), Bia Correia (PT) e Arlene
Lima (PMDB).
Segundo Bia Correia, o pedido
"patético" de licença foi aprovado
pela Câmara para resguardar Gianoto. A vereadora é processada
pelo prefeito por ter denunciado,
na Câmara, desvios no município.
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