São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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AMAZÔNIA

Segundo a investigação da PF, esquema envolvia a falsificação de documento que permite o transporte da carga

Fraude com madeira ilegal leva 43 à prisão

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal prendeu ontem 43 pessoas, em seis Estados da região amazônica, sob a acusação de fraudar documentos para permitir a comercialização ilegal de madeira. Batizada de Ouro Verde, a operação também cumpriu 58 mandados de busca e apreensão de documentos e equipamentos em 23 municípios.
Em apenas quatro deles -Tucuruí, Paragamina, Tailândia e Tomé-Açu-, no Pará, estima-se que, no último ano, 148 empresas comercializaram ilegalmente cerca de R$ 65 milhões em madeira.
A investigação, conduzida pela PF em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), revelou a existência de um grupo especializado na falsificação e comercialização de ATPFs (Autorização de Transporte de Produtos Florestais), documento necessário para fazer circular nas estradas e no mercado a madeira extraída.
A PF identificou, em Goiânia, a gráfica Cometa, na qual eram produzidas, com ótima qualidade, ATPFs falsas. No local, a PF encontrou 500 ATPFs falsas. A fraude só foi detectada porque, nos impressos, havia referência errada ao número de uma lei.
Seis diretores e funcionários da gráfica Cometa estão no grupo de pessoas presas -que inclui, além de empresários, dois fiscais da Secretaria de Fazenda do Pará.
Ontem, uma gravação telefônica indicava que o assinante "Cometa" estava "fora de serviço, temporariamente".
Segundo o delegado Paulo de Tarso Teixeira, chefe da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, o foco da Ouro Verde são empresários que não atuavam oficialmente no ramo madeireiro. Com negócios nas áreas de transporte ou comércio de veículos, eles teriam adquirido essas guias dos falsificadores.
A investigação revelou que cada ATPF era vendida por algo entre R$ 1.200 e R$ 1.800.
A Ouro Verde é a sétima operação que tem como alvo a exploração ilegal de recursos naturais. Surgiu em 2004, como desdobramento de duas investigações conduzidas pelo Ibama.
Um conjunto de 724 ATPFs suspeitas foram enviadas à PF, que confirmou a falsificação. Em dezembro de 2004, uma portaria do Ibama determinou o recadastramento das serrarias no Pará. Resultado: 129 empresas fantasmas.
A investigação da Ouro Verde levou à autuação de oito siderúrgicas, no Pará e no Maranhão, que, segundo o Ibama, deixaram de replantar 60 mil hectares de reposição florestal obrigatória. As multas totalizam R$ 509 milhões.


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