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AMAZÔNIA
Segundo a investigação da PF, esquema envolvia a falsificação de documento que permite o transporte da carga
Fraude com madeira ilegal leva 43 à prisão
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal prendeu ontem 43 pessoas, em seis Estados
da região amazônica, sob a acusação de fraudar documentos para
permitir a comercialização ilegal
de madeira. Batizada de Ouro
Verde, a operação também cumpriu 58 mandados de busca e
apreensão de documentos e equipamentos em 23 municípios.
Em apenas quatro deles -Tucuruí, Paragamina, Tailândia e
Tomé-Açu-, no Pará, estima-se
que, no último ano, 148 empresas
comercializaram ilegalmente cerca de R$ 65 milhões em madeira.
A investigação, conduzida pela
PF em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), revelou a existência de
um grupo especializado na falsificação e comercialização de
ATPFs (Autorização de Transporte de Produtos Florestais), documento necessário para fazer
circular nas estradas e no mercado a madeira extraída.
A PF identificou, em Goiânia, a
gráfica Cometa, na qual eram
produzidas, com ótima qualidade, ATPFs falsas. No local, a PF
encontrou 500 ATPFs falsas. A
fraude só foi detectada porque,
nos impressos, havia referência
errada ao número de uma lei.
Seis diretores e funcionários da
gráfica Cometa estão no grupo de
pessoas presas -que inclui, além
de empresários, dois fiscais da Secretaria de Fazenda do Pará.
Ontem, uma gravação telefônica indicava que o assinante "Cometa" estava "fora de serviço,
temporariamente".
Segundo o delegado Paulo de
Tarso Teixeira, chefe da Divisão
de Repressão a Crimes contra o
Meio Ambiente, o foco da Ouro
Verde são empresários que não
atuavam oficialmente no ramo
madeireiro. Com negócios nas
áreas de transporte ou comércio
de veículos, eles teriam adquirido
essas guias dos falsificadores.
A investigação revelou que cada
ATPF era vendida por algo entre
R$ 1.200 e R$ 1.800.
A Ouro Verde é a sétima operação que tem como alvo a exploração ilegal de recursos naturais.
Surgiu em 2004, como desdobramento de duas investigações conduzidas pelo Ibama.
Um conjunto de 724 ATPFs suspeitas foram enviadas à PF, que
confirmou a falsificação. Em dezembro de 2004, uma portaria do
Ibama determinou o recadastramento das serrarias no Pará. Resultado: 129 empresas fantasmas.
A investigação da Ouro Verde
levou à autuação de oito siderúrgicas, no Pará e no Maranhão,
que, segundo o Ibama, deixaram
de replantar 60 mil hectares de reposição florestal obrigatória. As
multas totalizam R$ 509 milhões.
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