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Excesso de jatinhos provoca atrasos em Congonhas e Brasília
Aeronáutica vai modernizar controle aéreo na capital federal, como investimentos de R$ 10 milhões em 2 anos
Também serão convocados controladores de outras regiões para substituir os afastados por causa do acidente com Boeing da Gol
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A grande quantidade de jatinhos e aviões pequenos vem
provocando atrasos de 30 minutos a duas horas nos pousos e
decolagens nos aeroportos de
Congonhas e de Brasília, a ponto de justificar a convocação
ontem de uma reunião na Casa
Civil com dois ministros para
discutir soluções. Ficou acertado que a Aeronáutica modernizará o controle de tráfego aéreo
em Brasília, com investimentos
de cerca de R$ 10 milhões nos
próximos dois anos.
Outra medida é a transferência, nos próximos dias, de controladores de vôos de outras regiões do país para reforçar o setor em Brasília, que está desfalcado desde a queda do Boeing
da Gol, no dia 29, no maior acidente aéreo do país, que deixou
154 mortos.
Seguindo as normas internacionais de aviação, os oito controladores de vôo que estavam
em serviço no momento do acidente foram afastados temporariamente.
Participaram da reunião os
ministros da Defesa, Waldir Pires, e da Casa Civil, Dilma
Rousseff, além de representantes da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) e do
Decea (Departamento de Controle de Tráfego Aéreo).
A Anac também teria se comprometido a implementar mudanças, segundo a Infraero.
Mas, procurada pela Folha, a
agência disse que não iria se
manifestar sobre o caso.
De acordo com a legislação,
cabe à Anac conceder a autorização para o funcionamento de
empresas de táxi aéreo, usuárias de aviões menores que
vêm congestionando os pousos
e as decolagens na capital
federal.
Frota
Existem atualmente 248 empresas autorizadas, sendo oito
delas em Brasília e 47 em São
Paulo. De acordo com o presidente da Infraero, brigadeiro
José Carlos Pereira, o Brasil
possui a segunda maior frota de
jatos particulares do mundo,
menor apenas que a dos Estados Unidos.
O brigadeiro chegou a cogitar
a elevação no número de viagens de políticos durante o segundo turno como um dos fatores a causar o congestionamento aéreo.
Único a comentar oficialmente o resultado da reunião,
Pereira afirmou que os atrasos
nos vôos se devem a um congestionamento do setor cinco
do controle de tráfego aéreo de
Brasília.
Imaginando o aeroporto no
centro de uma pizza, os setores
seriam fatias no espaço aéreo,
divididas para permitir a vigilância do radar e a coordenação
dos pousos e das decolagens.
O setor cinco se refere à chegada e à partida de aeronaves
que fazem a rota Brasília-São
Paulo, onde há o maior volume
de tráfego.
Número máximo
De acordo com as normas internacionais, cada operador de
tráfego aéreo controla um desses setores. E em cada uma dessas fatias só pode haver, no máximo, 14 aeronaves no mesmo
instante.
Quando há mais do que isso,
ou quando o ritmo de pousos
indica que esse número será
superado, o controle aéreo contata os aviões com destino a
Brasília para que reduzam a velocidade. Além disso, outros aeroportos impedem a decolagem de aeronaves rumo à capital até que a situação seja
normalizada.
O problema em relação aos
aviões particulares e de táxi aéreo é que eles não estão sujeitos
à mesma previsibilidade de horário da aviação comercial, regulada pela Anac.
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