São Paulo, sexta-feira, 27 de outubro de 2006

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Excesso de jatinhos provoca atrasos em Congonhas e Brasília

Aeronáutica vai modernizar controle aéreo na capital federal, como investimentos de R$ 10 milhões em 2 anos

Também serão convocados controladores de outras regiões para substituir os afastados por causa do acidente com Boeing da Gol

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A grande quantidade de jatinhos e aviões pequenos vem provocando atrasos de 30 minutos a duas horas nos pousos e decolagens nos aeroportos de Congonhas e de Brasília, a ponto de justificar a convocação ontem de uma reunião na Casa Civil com dois ministros para discutir soluções. Ficou acertado que a Aeronáutica modernizará o controle de tráfego aéreo em Brasília, com investimentos de cerca de R$ 10 milhões nos próximos dois anos.
Outra medida é a transferência, nos próximos dias, de controladores de vôos de outras regiões do país para reforçar o setor em Brasília, que está desfalcado desde a queda do Boeing da Gol, no dia 29, no maior acidente aéreo do país, que deixou 154 mortos.
Seguindo as normas internacionais de aviação, os oito controladores de vôo que estavam em serviço no momento do acidente foram afastados temporariamente.
Participaram da reunião os ministros da Defesa, Waldir Pires, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, além de representantes da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do Decea (Departamento de Controle de Tráfego Aéreo).
A Anac também teria se comprometido a implementar mudanças, segundo a Infraero. Mas, procurada pela Folha, a agência disse que não iria se manifestar sobre o caso.
De acordo com a legislação, cabe à Anac conceder a autorização para o funcionamento de empresas de táxi aéreo, usuárias de aviões menores que vêm congestionando os pousos e as decolagens na capital federal.

Frota
Existem atualmente 248 empresas autorizadas, sendo oito delas em Brasília e 47 em São Paulo. De acordo com o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, o Brasil possui a segunda maior frota de jatos particulares do mundo, menor apenas que a dos Estados Unidos.
O brigadeiro chegou a cogitar a elevação no número de viagens de políticos durante o segundo turno como um dos fatores a causar o congestionamento aéreo.
Único a comentar oficialmente o resultado da reunião, Pereira afirmou que os atrasos nos vôos se devem a um congestionamento do setor cinco do controle de tráfego aéreo de Brasília.
Imaginando o aeroporto no centro de uma pizza, os setores seriam fatias no espaço aéreo, divididas para permitir a vigilância do radar e a coordenação dos pousos e das decolagens.
O setor cinco se refere à chegada e à partida de aeronaves que fazem a rota Brasília-São Paulo, onde há o maior volume de tráfego.

Número máximo
De acordo com as normas internacionais, cada operador de tráfego aéreo controla um desses setores. E em cada uma dessas fatias só pode haver, no máximo, 14 aeronaves no mesmo instante.
Quando há mais do que isso, ou quando o ritmo de pousos indica que esse número será superado, o controle aéreo contata os aviões com destino a Brasília para que reduzam a velocidade. Além disso, outros aeroportos impedem a decolagem de aeronaves rumo à capital até que a situação seja normalizada.
O problema em relação aos aviões particulares e de táxi aéreo é que eles não estão sujeitos à mesma previsibilidade de horário da aviação comercial, regulada pela Anac.


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