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Promotoria apura conexão GO-MG na fraude
Ministério Público investiga se a Casmil, de Passos (MG), adquiriu tecnologia das fraudes no leite de um laticínio de Pires do Rio (GO)
Laticínio goiano também é suspeito de ter fornecido soro de queijo para
a cooperativa mineira
dar volume ao leite
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público de Minas Gerais investiga possível
conexão entre produtores de
leite do Estado e de Goiás nas
fraudes no produto. Autoridades dos dois Estados já identificaram leite adulterado.
Documento da Promotoria,
ao qual a Folha teve acesso,
aponta que a Casmil (Cooperativa Agropecuária do Sudoeste
Mineiro), de Passos (MG), sob
suspeita de adulteração, teria
adquirido a tecnologia das
fraudes no leite do dono de um
laticínio de Pires do Rio (GO), o
Laticínio Búfalo.
O laticínio goiano também é
suspeito de ter fornecido soro
de queijo para a cooperativa
mineira dar volume ao leite.
A informação foi passada ao
Ministério Público por um funcionário da Casmil que prestou
depoimento sob a condição de
não ter seu nome revelado.
Diz o documento: "A tecnologia para a realização das fraudes fora adquirida em mãos de
uma pessoa de nome Marcos,
conhecida pela alcunha Japonês, proprietária do Laticínio
Búfalo, (...) e seria utilizada como forma de enfrentar as graves dificuldades financeiras vivenciadas pela Casmil".
A Folha localizou em Pires
do Rio a Indústria e Comércio
Laticínios Pires do Rio, que, segundo funcionários, trata-se do
Búfalo. O proprietário é Marcos Michiata, que nega as
suspeitas.
A Vigilância Sanitária de Pires do Rio informou que investiga denúncia de adição de formol ao leite em uma indústria,
mas não disse se a irregularidade ocorre no Laticínio Búfalo.
Laudo do Lanagro (Laboratório Nacional Agropecuário),
vinculado ao Ministério da
Agricultura, com resultados
das análises do leite cru resfriado vendido pela cooperativa de
Passos, indicou presença de soro e água oxigenada.
O funcionário que deu as informações à Promotoria disse
que, inicialmente, o soro usado
pela Casmil para encorpar o
leite era do Laticínio Búfalo.
Depois, a empresa teria passado a usar soro resultante de seu
próprio processo industrial.
"A utilização do soro pela
própria Casmil passou a ser
possível porque o informante,
que é seu funcionário, acabou
por descobrir técnica mais eficiente e barata do que aquela
criada pelo "Japonês'", diz o documento da Promotoria.
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