São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Demolição de imóveis inicia a revitalização da cracolândia

Até o início de 2008, duas quadras, com 50 imóveis, serão totalmente derrubadas

Demolição começou por cinco imóveis já desapropriados em área que será ocupada pela Prodam e, possivelmente, pela Subprefeitura da Sé

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Escavadeira inicia a demolição de casa na região da cracolândia


EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo começou ontem as primeiras demolições na cracolândia, área degradada no centro da cidade que a administração municipal pretende revitalizar.
De capacete de operário e cercado por fotógrafos e cinegrafistas, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) operou a escavadeira que derrubou os primeiros pedaços de um imóvel deteriorado na rua General Couto de Magalhães.
Esse imóvel é um dos cinco que a prefeitura já desapropriou e tomou posse. Até o início de 2008 devem ser demolidos 50 imóveis em duas quadras da mesma rua. Nos locais serão construídos prédios que vão abrigar a Prodam (empresa de processamento de dados da prefeitura) e, provavelmente, a Subprefeitura da Sé.
Os imóveis já estavam abandonados há tempos. O que foi demolido hoje nem telhado tinha mais. A previsão da prefeitura é derrubar os cinco imóveis no prazo de um mês.
A área total da cracolândia, que já foi declarada de utilidade pública para desapropriação, tem 103 mil m2. Incluindo locais que não serão desapropriados, como o Poupatempo, o Corpo de Bombeiros e a rua Santa Ifigência, o bairro tem 269 mil m2.

Histórico
A cracolândia ficou conhecida por propiciar a viciados em drogas -principalmente crack- o consumo a céu aberto e a hospedagem em hotéis pequenos, baratos e decadentes.
Em pleno centro de São Paulo, a cracolândia tinha tudo para ser valorizada. Fica próxima das tradicionais estações Júlio Prestes e Luz e ao lado da famosa avenida Ipiranga, além de como "âncora" comercial a rua Santa Ifigênia, conhecida pelas lojas de produtos de informática e de eletroeletrônicos.
A presença de traficantes e viciados, porém, acabou degradando a região. Em 2005, o então prefeito e atual governador, José Serra (PSDB), lançou um plano para revitalizar a área.
A lei prevê abatimento de 50% do IPTU e do ITBI (pago na transferência de imóveis) e até 60% do ISS (Imposto Sobre Serviços) para empresas que decidirem se instalar no bairro, agora rebatizado de Nova Luz.
Também são concedidos os Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, que representam metade do valor investido na construção ou reforma de seus imóveis. Com eles, a empresa pode pagar impostos municipais.
Tantos benefícios já atraíram o interesse de grandes grupos do setor imobiliário. A Odebrecht e a Company S.A., duas gigantes do setor, já disputam nos bastidores o direito de explorar comercialmente a área.
A prefeitura quer concluir o processo de desapropriação para vender, num único lote, toda a área. A empresa que o arrematar terá, segundo a proposta em discussão, de construir prédios comerciais e residenciais para revendê-los.


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