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Aposentada grava acidentes de trânsito em frente à própria casa
Cansada de conviver com colisões, ela improvisou uma câmera na varanda
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cansada de ver (e ouvir)
trombadas de carro em frente à
(e na) sua casa, no cruzamento
das ruas do Imperador e Coronel Jordão, na Vila Guilherme
(zona norte de São Paulo), a
aposentada Lúcia Pires Canavan, 69, resolveu gravar em vídeo amador os acidentes.
Improvisou uma câmera em
cima de um galão de gasolina
vazio, apoiado por duas listas
telefônicas no janelão de vidro
da varanda, e começou a registrar o movimento. Nos últimos
meses, já filmou 30. O trabalho
começa às 6h, quando ela acorda, e vai até as 19h30. Ou enquanto houver luz natural.
Já teve a casa atingida por 12
carros, um deles, uma Kombi,
entrou pelo porão adentro.
"É cada susto que tomo",
afirma a aposentada. "Ela está
proibida de entrar no porão ou
de ficar na calçada", diz o filho
Ere José Canavan, 39, que vem
acudir a mãe, hipertensa, a cada
acidente.
A casa, de fachada branca,
tem marcas de freada e o reboco caído em diversas partes. Até
de sangue a parede está suja.
"Colocam o carro em cima do
guincho e vão embora. E nós ficamos com o prejuízo", completa Ere José.
O problema no cruzamento
da rua do Imperador, segundo
os moradores, começou em dezembro passado, quando a Subprefeitura da Vila Maria/Vila
Guilherme fez o recapeamento
das ruas do bairro e cobriu as
depressões para escoamento
de água que havia nas interseções. Antes, motoristas se viam
obrigados a reduzir a velocidade para não bater o motor no
asfalto. Agora, não mais.
Vizinhos dizem que há seis
meses ligam para a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) pedindo a instalação de um
semáforo, até hoje sem resposta. A empresa diz que providenciou a sinalização (leia texto
nesta página). Ontem, técnicos
faziam a vistoria no local.
"Muitas vezes estamos dormindo e ouvimos um estrondo", afirma a moradora Tânia
Mara Fialho, 61.
Duas pessoas já morreram
no local, uma delas um motoqueiro atirado contra um poste.
"Vamos pôr faixas", diz Ere José, sem se dar conta da proibição da Lei Cidade Limpa.
A vizinhança do cruzamento
é totalmente residencial. Há
pouco comércio no local, e o
movimento de carros decorre
do tráfego de moradores. Em
frente à casa de Lúcia passam
algumas linhas de ônibus.
A aposentada ficou famosa
por manter uma câmera ligada
ao menos 12 horas por dia. Hoje, motoristas acenam ao passar pelo cruzamento. Na tarde
de ontem, uma motorista de
um Corsa preto grita: "A senhora não estava na televisão?"
"Não era eu, era minha irmã",
desconversa Lúcia.
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