São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Grupo invade prédio da Bienal e picha "andar vazio'

Houve confronto com seguranças e uma vidraça acabou quebrada; garota de 23 anos foi detida pela Polícia Militar e levada para DP

ADRIANO CHOQUE
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Cerca de 50 pichadores invadiram o pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera (zona sul), na noite de ontem, primeiro dia de visitação da 28ª Bienal de São Paulo. O grupo pichou paredes e vidros e trocou socos e pontapés com seguranças. O prédio, projetado por Oscar Niemeyer, é tombado pelo patrimônio histórico.
O ataque ocorreu no segundo andar do pavilhão, mantido vazio pela organização e que rendeu a esta edição o apelido de Bienal do Vazio. Alguns visitantes aplaudiram a pichação.
Uma pichadora de 23 anos, identificada como Carol, foi detida por policiais militares e levada para o 36º DP (Vila Mariana). Até a conclusão desta edição, o delegado Luiz Roberto Pereira de Arruda ainda analisava por qual crime iria indiciá-la e também se ela ficaria presa ou seria liberada. Carol pertence ao grupo de pichadores Sustos, da zona sul de São Paulo.
Vários dos pichadores que agiram ontem também estiveram nos ataques ao Centro Universitário Belas Artes, em julho, e à galeria Choque Cultural, no mês passado. A moça detida participou das duas manifestações anteriores com Rafael Guedes Augustaitiz, que era aluno da Belas Artes e está na organização dos ataques.
Na Bienal, seguranças e pichadores trocaram socos e pontapés. A segurança fechou as portas do prédio até que a polícia chegasse. Uma vidraça acabou quebrada.
A ação havia sido agendada por grupos de pichação havia vários dias. Os organizadores da ação distribuíram convites e fizeram divulgação pela internet convocando os grupos para uma concentração antes do ataque. "Espancaremos na tinta a Bienal de arte, esse ano conhecida como Bienal do Vazio", dizia o texto no convite.
À espera do ataque, os organizadores da 28ª Bienal haviam reforçada o esquema de segurança para o prédio e, por isso, o segundo andar estava fechado.
Às 19h30, quando começou a invasão, algumas pessoas esperavam pelo início de um show de música eletrônica.
Para evitar suspeitas de que iriam pichar a Bienal, segundo Kripta, 24, um dos organizadores do ataque, os pichadores se reuniram em frente ao prédio do Detran, na avenida 23 de Maio, e foram ao local da ação divididos em grupo de dez.
Toda a ação foi registrada em vídeo por alguns dos próprios pichadores. Eles pretendem pôr o vídeo do ataque à Bienal à venda.


Colaborou ANDRÉ CARAMANTE , da Reportagem Local



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