São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2001

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SEGURANÇA

Petrelluzzi diz que contrato com a Fundação Getúlio Vargas provará que delegados não adulteram dados da violência

FGV fará auditoria de boletins de ocorrência

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi, anunciou ontem que vai contratar a Fundação Getúlio Vargas para fazer auditoria nos boletins de ocorrência feitos pela polícia.
O objetivo é verificar se os boletins estariam sendo adulterados por delegados para reduzir o índice de violência de algumas regiões do Estado. "Faremos um contrato com a FGV para deixar claro que não temos nada a esconder." A secretaria faz auditoria dos boletins desde julho de 2000.
O anúncio de Petrelluzzi acontece um dia depois de reportagem publicada pelo "Diário de S. Paulo" sobre boletins adulterados em delegacias da Grande São Paulo.
Ao assumir o cargo, o secretário da Segurança estabeleceu metas de redução da criminalidade para cada delegado do Estado. Por conta disso, um suposto assassinato, seguido de queima do corpo, teria sido registrado só como incêndio pela delegacia central de Itapecerica da Serra.
O presidente do Sindpesp (sindicato dos delegados), Roberto Siquetto, 50, afirmou que, para conseguir cumprir a meta estabelecida pela secretaria, os delegados estariam adulterando os boletins.
Petrelluzzi negou as acusações e disse que irá processar Siquetto por suas declarações.
O delegado Romeu Tuma Junior, responsável pela seccional de Taboão da Serra, admitiu a possibilidade de erro no preenchimento de alguns dos boletins de delegacias das cidades de sua região -entre elas, Itapecerica da Serra-, mas disse que não há sinais de má-fé.
Ele afirmou que irá identificar os autores do erro e encaminhá-los para treinamento.
O secretário qualificou de "baboseira" a informação de que delegados do interior e da Grande São Paulo estariam alterando os registros de homicídio para "maquiar" a violência. As estatísticas trimestrais de violência divulgadas pela secretaria baseiam-se nos boletins.
Hoje, a auditoria é por amostragem. Um sistema de computador seleciona, aleatoriamente, 10% dos cerca de 60 mil boletins produzidos por mês no Estado.
A Folha apurou que, em outubro, o Centro de Análise e Planejamento, responsável pela auditagem, analisou 4.833 boletins da capital, tendo identificado erro em 23% deles.
Segundo a coordenadora do centro, Ana Sofia Oliveira, 38, os dados do boletim devem estar completos e de acordo com histórico descrito pelo policial no próprio documento.


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