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SEGURANÇA
Petrelluzzi diz que contrato com a Fundação Getúlio Vargas provará que delegados não adulteram dados da violência
FGV fará auditoria de boletins de ocorrência
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança Pública, Marco Vinício Petrelluzzi,
anunciou ontem que vai contratar a Fundação Getúlio Vargas para fazer auditoria nos boletins de
ocorrência feitos pela polícia.
O objetivo é verificar se os boletins estariam sendo adulterados
por delegados para reduzir o índice de violência de algumas regiões
do Estado. "Faremos um contrato
com a FGV para deixar claro que
não temos nada a esconder." A secretaria faz auditoria dos boletins
desde julho de 2000.
O anúncio de Petrelluzzi acontece um dia depois de reportagem
publicada pelo "Diário de S. Paulo" sobre boletins adulterados em
delegacias da Grande São Paulo.
Ao assumir o cargo, o secretário
da Segurança estabeleceu metas
de redução da criminalidade para
cada delegado do Estado. Por
conta disso, um suposto assassinato, seguido de queima do corpo, teria sido registrado só como
incêndio pela delegacia central de
Itapecerica da Serra.
O presidente do Sindpesp (sindicato dos delegados), Roberto Siquetto, 50, afirmou que, para conseguir cumprir a meta estabelecida pela secretaria, os delegados
estariam adulterando os boletins.
Petrelluzzi negou as acusações e
disse que irá processar Siquetto
por suas declarações.
O delegado Romeu Tuma Junior, responsável pela seccional
de Taboão da Serra, admitiu a
possibilidade de erro no preenchimento de alguns dos boletins
de delegacias das cidades de sua
região -entre elas, Itapecerica da
Serra-, mas disse que não há sinais de má-fé.
Ele afirmou que irá identificar
os autores do erro e encaminhá-los para treinamento.
O secretário qualificou de "baboseira" a informação de que delegados do interior e da Grande
São Paulo estariam alterando os
registros de homicídio para "maquiar" a violência. As estatísticas
trimestrais de violência divulgadas pela secretaria baseiam-se nos
boletins.
Hoje, a auditoria é por amostragem. Um sistema de computador
seleciona, aleatoriamente, 10%
dos cerca de 60 mil boletins produzidos por mês no Estado.
A Folha apurou que, em outubro, o Centro de Análise e Planejamento, responsável pela auditagem, analisou 4.833 boletins da
capital, tendo identificado erro
em 23% deles.
Segundo a coordenadora do
centro, Ana Sofia Oliveira, 38, os
dados do boletim devem estar
completos e de acordo com histórico descrito pelo policial no próprio documento.
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