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TRANSPORTES
Valor foi considerado "assustador" pelo secretário Jilmar Tatto, que promete definir reajuste de ônibus nos próximos dias
Viações querem R$ 1,91 por passageiro
ALENCAR IZIDORO
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os empresários de ônibus reivindicaram ontem ao novo secretário dos Transportes do governo
Marta Suplicy, Jilmar Tatto, uma
remuneração de R$ 1,91 por passageiro transportado em São Paulo para cobrir as despesas do sistema e evitar atrasos salariais.
O valor, 36,4% superior à atual
tarifa de R$ 1,40, foi solicitado na
primeira reunião dos representante do setor com Tatto, um dia
após ele assumir a pasta. Ele se
contrapõe a cálculos aproximados da Folha a partir de planilha
da Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas, da USP),
que indicam um custo entre R$
1,46 e R$ 1,52 por usuário.
Os donos das empresas de ônibus também cobraram uma sinalização rápida da prefeitura sobre
a elevação tarifária. O presidente
do Transurb (sindicato patronal),
Sérgio Pavani, disse que nenhum
empresário tem dinheiro para pagar a primeira parcela do 13º.
Pavani afirmou que as viações
tentarão empréstimos bancários
para tentar pagá-la, mas que os
bancos precisarão acreditar "que
vai haver esse aumento de tarifa".
A pressão dos empresários contra a prefeitura foi reforçada um
dia depois de Marta ter dado razão às reivindicações para a revisão da passagem de ônibus.
O preço de R$ 1,91 por passageiro pedido pelo setor patronal é
baseado, segundo Pavani, na
atualização dos custos apurados
pela Fipecafi (Fundo Instituto de
Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras, da USP) no primeiro
semestre de 2001. Na época, enquanto a Fipe, contratada pela
prefeitura, indicava uma despesa
entre R$ 1,27 e R$ 1,32 por usuário, a Fipecafi, contratada pelas
empresas, apontava R$ 1,52.
O valor reivindicado pelo setor
patronal foi considerado "assustador" por Tatto. "Eu falei que a
população não suporta R$ 1,91.
Pareceu-me exagerado. Eles estão
mostrando as planilhas deles, vamos fazer as nossas, e veremos se
entramos em um entendimento."
Tatto disse acreditar que as viações farão os depósitos do 13º salário e afirmou que a decisão sobre a elevação da tarifa será tomada nos próximos dias. Anteontem, Marta disse que ela dependia
de análise e não poderia ser definida em "uma ou duas semanas".
Ao dar razão aos empresários
para a elevação da tarifa, Marta citou dois aumentos salariais e três
reajustes de diesel desde maio de
2001, quando a passagem era de
R$ 1,15 e subiu 21,74%, superando
os 14,6% de inflação.
As planilhas da Fipe indicam
que, embora a discussão sobre a
alta da passagem só tenha começado após as eleições, sob a alegação de que houve reajuste do diesel, os principais fatores para a defasagem aconteceram na metade
do ano, quando os motoristas tiveram um aumento de 6%.
A folha de pagamento representa 57,69% dos custos das viações
de ônibus. O diesel, 12,76%.
Considerando apenas os aumentos salariais de 2001 e 2002 e
uma elevação aproximada de
60% do diesel desde então, os valores da tarifa ficariam atualmente entre R$ 1,46 e R$ 1,52.
Na avaliação de dois empresários de ônibus ouvidos pela Folha, essa projeção indica que a
passagem, se não houver subsídios da prefeitura, deverá se aproximar de R$ 1,60. O excedente se
deve ao fato de as viações não serem remuneradas pela tarifa integral. Do R$ 1,40 cobrado hoje dos
passageiros, por exemplo, em torno de R$ 1,30 vai para as empresas
-sendo que a verba restante é
utilizada para bancar gratuidades.
Desde que a prefeitura aumentou a tarifa, a média de passageiros nos dias úteis caiu mais de 2%.
O reajuste também terá um impacto significativo na inflação,
uma das principais preocupações
do governo Lula. O IPC (Índice de
Preços ao Consumidor) da Fipe,
que nos dez primeiros meses deste ano acumulava 5,14%, sofrerá
impacto de 0,53 ponto percentual
se a passagem for para R$ 1,60.
Subsídio
O secretário das Finanças, João
Sayad, disse ontem que a prefeitura não tem dinheiro para conceder subsídios para as empresas de
ônibus. O Orçamento 2003 é de
R$ 10,1 bilhões. "Não prevemos
um ano de bonança. Para interesses muito importantes, ainda é
um orçamento inadequado."
Técnicos do governo estudam a
concessão de auxílio aos empresários, mesmo que indiretos.
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
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