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Transponder não foi desligado com pé ou laptop, diz FAB
Investigação técnica rejeitou as duas principais teses de desligamento acidental do equipamento por pilotos do Legacy
Nota diz também que "não há indícios de que ocorreu ação intencional", mas não cita outras possibilidades de desligamento acidental
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase um ano e dois meses
depois do acidente do vôo 1907
da Gol, a investigação técnica
da Aeronáutica concluiu que
não procedem duas das principais hipóteses sob análise de
desligamento acidental do
transponder do jato Legacy. Segundo a FAB, os pilotos norte-americanos não desativaram
acidentalmente o equipamento
com o pé ou com a tampa do
laptop que usavam na cabine.
Em nota oficial emitida ontem, a FAB diz também que
"não há indícios de que ocorreu
ação intencional" dos pilotos
para deixar o transponder em
modo de espera ("stand-by"). O
texto não cita outras possibilidades de o equipamento ter sido desligado acidentalmente.
A comissão internacional
chefiada pelo Cenipa (Centro
Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) se reúne nesta semana
em Brasília para fechar detalhes do relatório final da colisão, que deixou 154 mortos.
Já há um processo na Justiça
Federal e uma denúncia na
Justiça Militar contra controladores e pilotos americanos
pelo acidente. Porém, esta é a
primeira conclusão oficial da
investigação técnica, que apontará causas e fatores contribuintes, sem indicar culpados.
Sem o transponder, o controle aéreo não pôde detectar que
o Legacy voava em rota de colisão com o Boeing. Também impediu o acionamento do TCAS
(sistema de alerta anticolisão).
O comunicado refuta alguns
argumentos de que o desligamento ocorreu por "displicência" dos pilotos Joseph Lepore
e Jan Paul Paladino. Mas não
elimina outras responsabilidades, como a verificação de plano de vôo e o contato de rádio.
A nota não cita um achado
preliminar já divulgado: não foi
detectada falha elétrica ou eletrônica do transponder, em
análise no laboratório da fabricante, a Honeywell.
A hipótese de esbarrão acidental do pé direito do piloto
nos botões no painel virou uma
controvérsia entre Brasil e
EUA. A FAA (agência de aviação civil dos EUA) emitiu boletim de alerta para pilotos sobre
esse risco em jatos da Embraer
equipados com "descanso de
pés" na cabine. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
refutou a tese com um estudo.
O Cenipa agora diz que isso
não teria ocorrido. Primeiro,
não há ruído na caixa-preta para indicar que a cadeira do piloto foi recuada para permitir o
uso do descanso. Segundo, há
uma proteção entre a sola do
sapato e o painel. Finalmente,
mesmo "flexionando e contorcendo o pé direito" os botões
relevantes não são alcançados.
A tese do laptop também foi
derrubada porque ele estaria
sendo usando pelo co-piloto,
no lado direito. Portanto, a
tampa não poderia ter batido
acidentalmente nos botões.
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