São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2007

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Transponder não foi desligado com pé ou laptop, diz FAB

Investigação técnica rejeitou as duas principais teses de desligamento acidental do equipamento por pilotos do Legacy

Nota diz também que "não há indícios de que ocorreu ação intencional", mas não cita outras possibilidades de desligamento acidental

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quase um ano e dois meses depois do acidente do vôo 1907 da Gol, a investigação técnica da Aeronáutica concluiu que não procedem duas das principais hipóteses sob análise de desligamento acidental do transponder do jato Legacy. Segundo a FAB, os pilotos norte-americanos não desativaram acidentalmente o equipamento com o pé ou com a tampa do laptop que usavam na cabine.
Em nota oficial emitida ontem, a FAB diz também que "não há indícios de que ocorreu ação intencional" dos pilotos para deixar o transponder em modo de espera ("stand-by"). O texto não cita outras possibilidades de o equipamento ter sido desligado acidentalmente.
A comissão internacional chefiada pelo Cenipa (Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) se reúne nesta semana em Brasília para fechar detalhes do relatório final da colisão, que deixou 154 mortos.
Já há um processo na Justiça Federal e uma denúncia na Justiça Militar contra controladores e pilotos americanos pelo acidente. Porém, esta é a primeira conclusão oficial da investigação técnica, que apontará causas e fatores contribuintes, sem indicar culpados.
Sem o transponder, o controle aéreo não pôde detectar que o Legacy voava em rota de colisão com o Boeing. Também impediu o acionamento do TCAS (sistema de alerta anticolisão).
O comunicado refuta alguns argumentos de que o desligamento ocorreu por "displicência" dos pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Mas não elimina outras responsabilidades, como a verificação de plano de vôo e o contato de rádio.
A nota não cita um achado preliminar já divulgado: não foi detectada falha elétrica ou eletrônica do transponder, em análise no laboratório da fabricante, a Honeywell.
A hipótese de esbarrão acidental do pé direito do piloto nos botões no painel virou uma controvérsia entre Brasil e EUA. A FAA (agência de aviação civil dos EUA) emitiu boletim de alerta para pilotos sobre esse risco em jatos da Embraer equipados com "descanso de pés" na cabine. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) refutou a tese com um estudo.
O Cenipa agora diz que isso não teria ocorrido. Primeiro, não há ruído na caixa-preta para indicar que a cadeira do piloto foi recuada para permitir o uso do descanso. Segundo, há uma proteção entre a sola do sapato e o painel. Finalmente, mesmo "flexionando e contorcendo o pé direito" os botões relevantes não são alcançados.
A tese do laptop também foi derrubada porque ele estaria sendo usando pelo co-piloto, no lado direito. Portanto, a tampa não poderia ter batido acidentalmente nos botões.


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