|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Capitão sofre acusação de assédio sexual
Força Nacional afastou o oficial, sua mulher, a denunciadora da abordagem, o namorado dela e o major que comandou a sindicância
Mulher de um capitão
sugeriu que uma soldado participasse de sexo a três para que oficial transferisse o namorado dela para perto
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Uma investigação de assédio
sexual envolvendo integrante
da cúpula da Força Nacional de
Segurança e sua mulher foi
concluída no último dia 19 com
o afastamento dos acusados,
das supostas vítimas e do oficial
que comandou a sindicância.
O diretor substituto da Força
Nacional de Segurança, major
Luciano Carvalho de Souza, da
PM do Rio, foi exonerado após
concluir sindicância que acusou de assédio sexual o capitão
Isandré Antunes, da Brigada
Militar do RS, assessor de Recursos Humanos da Secretaria
Nacional de Segurança (Senasp), do Ministério da Justiça.
Antunes trabalhava no gabinete do secretário nacional de
Segurança, Ricardo Balestreri.
O capitão e a mulher, soldado
Luciana Butke, foram acusados
de assédio sexual pela soldado
Rosilaine Souza, da PM do Tocantins, e pelo namorado, o tenente Carlos Palaoro, da PM do
Espírito Santo. O assédio, segundo a sindicância, ocorreu
entre março e maio, época em
que Rosilaine sugeriu a transferência de Palaoro para Brasília,
onde ela trabalhava, para integrar a Força Nacional.
Como contrapartida, Luciana Butke sugeriu encontro sexual a três -ela e o marido com
a policial. Segundo comunicação de Rosilaine à Força, a colega passou a pressioná-la, condicionando a transferência do namorado ao sexo a três.
Rosilaine e Palaoro foram
afastados da Força Nacional no
dia 19. De acordo com a assessoria da Senasp, o capitão Antunes e Luciana também.
Em e-mail de Luciana a Rosilaine e ao marido em 7 de maio,
ela detalha intimidades do casal na noite anterior e diz que
ele estava excitado imaginando
ter relações com a soldado.
Segundo a mensagem, "ele
[capitão Antunes] falou que vai
correndo buscar teu namorado
e que traz ele nas costas e entrega ele no teu colo de presente, depois saímos para jantar na
maior educação e respeito, como se nada tivesse acontecido
(aliás ele falou que nem te conhece, só quer teu corpo emprestado hehehe)".
Segundo Rosilaine afirmou
na sindicância, iniciada em 30
de julho, a colega a incitava
constantemente a fazer sexo
com seu marido e dizia que outros oficiais poderiam "dificultar a mobilização" de seu namorado. "Continuei negando,
mas minha vida se tornou um
inferno", diz a soldado.
Depois, Rosilaine afirmou
ainda ter sido ameaçada de ser
mandada embora da Força Nacional. "Fiquei desesperada,
angustiada, injustiçada e chegava em casa e só chorava por
não achar justo o que estavam
fazendo comigo", disse Rosilaine na sindicância interna.
A chefe da ouvidoria da Força, tenente Simone, relata no
procedimento ter sido "verificado" que a soldado "estaria
sendo vítima de assédio sexual
e constrangimentos por parte
do capitão Isandré Antunes,
chefe da Seção de RH, e que estava sendo intermediado pela
esposa do mesmo, soldado Luciana Butke".
Em comunicação à Força Nacional que deu início à investigação, Palaoro diz que a namorada "sofreu assédio sexual e
constrangimentos por parte da
soldado PM RS Luciana, que
intermediou as vontades e desejos do seu esposo, capitão PM
RS Antunes".
O tenente escreve ter orientado a namorada a procurar a
corregedoria, mas diz que ela
afirmava que a corda "quebraria para o lado mais fraco".
Antunes é assessor e próximo do subsecretário nacional
de Segurança, capitão Aragon.
A sindicância instaurada pelo
major pediu o afastamento de
Antunes, ato concluído na
quinta da semana passada. O
major autor da sindicância,
coordenador-geral de Treinamento e Capacitação da FNS,
foi exonerado dois dias antes.
Texto Anterior: Foco: ONG reúne empresários em SP para obter apoio a ações no sertão nordestino Próximo Texto: Frase Índice
|