São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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25% dos diretores escolares paulistas são temporários

Na rede pública estadual, titulares acabam substituídos pelos professores

Pesquisa do próprio governo de São Paulo aponta que escola com diretor fixo tem notas melhores em avaliações

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Um em cada quatro diretores de escola da rede estadual de São Paulo está de forma temporária no cargo, apontam dados da própria Secretaria da Educação.
A proporção de diretores ou supervisores não efetivos cresce há dois anos. Para ambos os postos, é necessário concurso público -o último para diretor foi em 2007; para supervisor, em 2008.
O substituto costuma ser um professor ou um coordenador pedagógico. Eles ocupam o cargo até que o efetivo volte ou outro seja escolhido.
Diretores de outras escolas também podem ser remanejados para ocupar o posto.
Em geral, diretores titulares deixam seu posto original para dirigir outra escola em região mais favorável, para atuar em funções administrativas na rede ou devido a licenças ou aposentadoria.

DESEMPENHO
Estudo da própria Secretaria da Educação indica que diretor fixo rende melhor desempenho dos alunos.
Segundo o Idesp (índice do governo estadual que avalia nota dos alunos e aprovação), em escolas onde o diretor fica de cinco a dez anos, a nota dos estudantes tende a ter um acréscimo de 0,09 ponto, numa escala de 0 a 10.
Se o período chegar a 20 anos, o aumento é de 0,25.
Entre as cinco escolas estaduais da capital com as piores notas no Enem, três estão com diretores temporários.
Além de diretores não efetivos, a rede possui também mais de 40% dos seus docentes como temporários -que não passaram por concurso.
"Ter 25% dos diretores e 20% dos supervisores como não efetivos é bastante expressivo para o Estado. Deveria ser uma situação excepcional como férias ou licença do titular", diz o coordenador da pós-graduação em educação da Unesp-Araraquara, José Vaidergorn.
Na prefeitura paulistana, 13% dos diretores são temporários. Já foi feito concurso público para substituí-los.

PREJUÍZOS
O governo Alberto Goldman (PSDB) diz que a situação no Estado "é normal" e que não há prejuízo pedagógico com a designação de não efetivos para a direção das escolas. Educadores ouvidos pela Folha discordam.
"O não efetivo imprime ar de transitoriedade ao trabalho. Ele não tem segurança de permanência na escola", diz o coordenador da pós-graduação em educação da USP, Romualdo Portela.
Portela faz a ressalva de que a permanência do diretor na escola não é o único fator de qualidade do ensino.
"Como as condições de trabalho e os salários são baixos, o diretor fica procurando qualquer benefício possível. Se ele puder ir para uma escola melhor ou para um cargo de dirigente, ele vai", diz o presidente da Udemo (sindicato dos diretores da rede), Luiz Gonzaga Pinto.
Coordenadora do Instituto Ayrton Senna, Inês Miskalo diz que o governo deveria dar mais incentivo, até mesmo financeiro, para que o diretor ficasse na mesma escola.
Um bônus implementado pela gestão anterior, de José Serra (PSDB), já contabiliza esse aspecto. "Mas isso parece pouco. Deveria haver mais estímulo para diminuir a rotatividade", afirma Miskalo.


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