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25% dos diretores escolares paulistas são temporários
Na rede pública estadual, titulares acabam substituídos pelos professores
Pesquisa do próprio governo de São Paulo aponta que escola com diretor fixo tem notas melhores em avaliações
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Um em cada quatro diretores de escola da rede estadual de São Paulo está de forma temporária no cargo,
apontam dados da própria
Secretaria da Educação.
A proporção de diretores
ou supervisores não efetivos
cresce há dois anos. Para ambos os postos, é necessário
concurso público -o último
para diretor foi em 2007; para
supervisor, em 2008.
O substituto costuma ser
um professor ou um coordenador pedagógico. Eles ocupam o cargo até que o efetivo
volte ou outro seja escolhido.
Diretores de outras escolas
também podem ser remanejados para ocupar o posto.
Em geral, diretores titulares deixam seu posto original
para dirigir outra escola em
região mais favorável, para
atuar em funções administrativas na rede ou devido a
licenças ou aposentadoria.
DESEMPENHO
Estudo da própria Secretaria da Educação indica que
diretor fixo rende melhor desempenho dos alunos.
Segundo o Idesp (índice
do governo estadual que avalia nota dos alunos e aprovação), em escolas onde o diretor fica de cinco a dez anos, a
nota dos estudantes tende a
ter um acréscimo de 0,09
ponto, numa escala de 0 a 10.
Se o período chegar a 20
anos, o aumento é de 0,25.
Entre as cinco escolas estaduais da capital com as piores notas no Enem, três estão
com diretores temporários.
Além de diretores não efetivos, a rede possui também
mais de 40% dos seus docentes como temporários -que
não passaram por concurso.
"Ter 25% dos diretores e
20% dos supervisores como
não efetivos é bastante expressivo para o Estado. Deveria ser uma situação excepcional como férias ou licença
do titular", diz o coordenador da pós-graduação em
educação da Unesp-Araraquara, José Vaidergorn.
Na prefeitura paulistana,
13% dos diretores são temporários. Já foi feito concurso
público para substituí-los.
PREJUÍZOS
O governo Alberto Goldman (PSDB) diz que a situação no Estado "é normal" e
que não há prejuízo pedagógico com a designação de
não efetivos para a direção
das escolas. Educadores ouvidos pela Folha discordam.
"O não efetivo imprime ar
de transitoriedade ao trabalho. Ele não tem segurança
de permanência na escola",
diz o coordenador da pós-graduação em educação da
USP, Romualdo Portela.
Portela faz a ressalva de
que a permanência do diretor
na escola não é o único fator
de qualidade do ensino.
"Como as condições de
trabalho e os salários são baixos, o diretor fica procurando qualquer benefício possível. Se ele puder ir para uma
escola melhor ou para um
cargo de dirigente, ele vai",
diz o presidente da Udemo
(sindicato dos diretores da
rede), Luiz Gonzaga Pinto.
Coordenadora do Instituto
Ayrton Senna, Inês Miskalo
diz que o governo deveria dar
mais incentivo, até mesmo financeiro, para que o diretor
ficasse na mesma escola.
Um bônus implementado
pela gestão anterior, de José
Serra (PSDB), já contabiliza
esse aspecto. "Mas isso parece pouco. Deveria haver mais
estímulo para diminuir a rotatividade", afirma Miskalo.
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