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JOSE GOMES DA SILVA, 57
"Disseram que, se não saísse, iam atacar a área onde estava"
Na minha cabeça, as pessoas estão matando para assaltar o pobre.
Eles vêm para assaltar e
acabam matando. É por isso
que eu durmo perto de um vigia e da casa de um policial
civil, o Davi. Se precisar, é só
tocar a cigarra.
Eu não conto nada para os
outros moradores de rua. Sabe como é, né? Tenho um dinheirinho guardado.
Tenho duas malas. Numa
tem um monte de roupa. Tenho tanta roupa que cria mofo. Eu tenho também um relógio e um radinho. Tenho
que tomar cuidado.
Não lhe digo que juntei um
salário, mas meio salário eu
tenho sim. Vou guardar para
quando a alimentação estiver ruim e para botar um
pneu na carroça.
Moro na rua há 20 anos. Já
trabalhei como servente de
pedreiro. Vivia com uma irmã, no Barro Duro, um bairro
aqui de Maceió. Mas ela se
desagradou de mim e só pensava nos filhos.
Eu dava meu dinheiro a
ela, e ela nem aí.
Um dia fui catar ferro-velho e fiquei na rua. O problema era que eu bebia uma cachaça e não juntava dinheiro. Em 2007, peguei uma tuberculose e parei de beber.
Me curei com remédio do
SUS e comecei a economizar.
Já morei por quatro meses
numa árvore. Fiz um barraco
lá em cima, bem cobertinho.
Mas mandaram eu sair de lá.
Disseram que, se eu não saísse, iam atacar a área.
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