São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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NOVA ADMINISTRAÇÃO

Petista afirmou que está pedindo que aliados indiquem nomes para seu governo, mas negou fisiologismo

Marta admite negociar cargo com vereador

DA REPORTAGEM LOCAL

"Quem tá com a gente, que acredita no governo e quer participar, vem. Vai ter cargo." Essa foi a declaração da prefeita eleita Marta Suplicy ao admitir ontem que está pedindo indicações de vereadores e partidos aliados para compor sua futura administração. Ela nega, no entanto, que isso seja fisiologismo.
"A gente não pode confundir esse cargo com fisiologismo. Eu quero gente que trabalhe comigo no programa que a gente acredita, de cara limpa e honesta. Isso é normal num governo ético. Não há nada de errado", disse Marta.
Ela diz que essa "confusão" acontece porque a cidade está acostumada com o fisiologismo. "Estão confundindo tudo. As pessoas acham que chamar outros partidos para participar do governo é algo antiético. Não é. Isso é participar no governo para ajudar ele a dar certo", afirmou.
Ontem, a Folha publicou reportagem em que o vereador eleito Raul Cortez (PPS) acusa o PT de oferecer cargos a outros partidos em troca de apoio político. Os cargos que estariam sendo oferecidos a vereadores de partidos pequenos- conhecidos como o "grupo dos dez" - seriam os de gerência e supervisão das empresas dependentes e autarquias da administração municipal.
Quando respondeu às denúncias de Cortez, o futuro secretário de Governo, Rui Falcão, afirmou que a acusação era "totalmente descabida e sem fundamento".
"Em nenhum momento tratei com alguém de indicação ou sugestão para qualquer cargo do governo", afirmou Falcão. Procurado ontem pela Folha, Rui Falcão não foi localizado.
Ontem, Marta admitiu que está pedindo indicações de cargos. Segundo ela, não é antiético pedir indicação aos partidos e aos vereadores que apóiem o programa do PT "de pessoas competentes e de confiança".
"Isso não é troca de cargo, é chamar para participar de um governo para ajudar a dar certo. Houve tanta confusão que as pessoas acham isso equivocado. Não estamos pedindo para eles votarem em troca de cargo."
A prefeita afirma que o apoio e a participação de outros partidos na prefeitura são fundamentais para o governo. "Nós estamos querendo a cooperação dos vereadores. Quero que venha para o governo quem vai votar com a gente e que acredite no nosso programa. A prefeita não vai governar sozinha. Tem que ter uma base de sustentação."
"A base de sustentação é uma base que trabalha com o governo e colabora nos cargos que a gente tem para nomear. Eu vou nomear quem? A turma que não foi nem reeleita ou a turma da corrupção? Eu tenho que nomear quem acredita no programa do governo e vai ajudar de forma honesta."
Ela afirmou também que "se algum vereador acredita que essa negociação política seja compra de votos, é melhor que ele saia da raia", ou seja, não participe do governo do PT. Segundo ela, o PT não vai negociar apoio em troca de cargos. "Equivocado é dizer para o prefeito: "olha, eu voto no que você quiser se você me der isso, me der aquilo ou me der tal cargo". Isso nós não faremos."


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