São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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78,6% de brancos na UFBa saíram de escolas privadas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Além dos cursos de "maior prestígio social", os brancos que estudam nas universidades pesquisadas têm outra característica em comum: a maioria frequentou apenas escolas particulares.
De acordo com o levantamento realizado pela professora Delcele Mascarenhas Queiroz, 78,6% dos brancos matriculados na UFBa (Universidade Federal da Bahia) saíram de estabelecimentos privados. Do total de negros, 47% frequentaram escolas particulares.
"Parece muito, mas quase 80% dos habitantes da Bahia são negros e pardos. E ainda temos que levar em conta que os negros e pardos não conseguem ingressar nos cursos de maior concorrência", disse o professor Jocélio Teles dos Santos, da UFBa.
Entre os alunos brancos matriculados na UFBa, 17,2% cursaram estabelecimentos públicos. Entre os negros, o percentual é bem maior: 44%.
Na Universidade Federal do Maranhão, 74,5% dos estudantes brancos frequentaram escolas particulares. Entre os negros, o percentual é de 60,4%. As escolas públicas do Maranhão foram responsáveis pela aprovação de 24,5% dos estudantes brancos que passaram no vestibular da universidade. Já entre os negros, o índice de aprovação foi de 38,5%.
Segundo o professor Santos, os pesquisadores encontraram muitas dificuldades para fazer o trabalho. "Muitos alunos simplesmente se recusaram a dizer se eram negros ou pardos", ressaltou. Há três anos, a UFBa começou a exigir dos alunos aprovados no vestibular uma definição racial. "No nosso questionário de matrícula, o aluno é obrigado a dizer sua cor", disse Santos.
"Os universitários brancos têm uma renda familiar média de 30 salários mínimos. Já os negros e pardos têm renda máxima de dez mínimos", disse a professora.


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