São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

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VIOLÊNCIA

Em novembro houve menos latrocínios e mais roubos e furtos; secretário de Segurança diz que notificações aumentaram

Rio tem recorde de mortes em ações policiais

FERNANDA DA ESCÓSSIA
HENRI CARRIÈRES

DA SUCURSAL DO RIO

A violência aumentou no Rio em novembro, penúltimo mês do governo de Benedita da Silva (PT): houve um número recorde de mortes de civis em ações policiais (105), além de aumento dos roubos.
Os homicídios dolosos se mantiveram no mesmo patamar: foram 545 casos em novembro deste ano, contra 548 em novembro de 2001, ou seja, taxa de 3,7 por 100 mil habitantes, informou a Secretaria de Segurança Pública.
Aumentaram, em relação a novembro de 2001, as taxas de roubos de veículos, em coletivos, a residências, a transeuntes, de furtos de veículos e de totais de roubos e furtos no Estado.
A Secretaria de Segurança disse que há "um sinal de alerta" no combate aos roubos, especialmente os roubos a residências e a transeuntes, que costumam ser violentos, aumentando a sensação de insegurança da população.
Houve redução das taxas de latrocínios e de roubos a estabelecimentos comerciais e a bancos. Os sequestros caíram de dois casos em novembro de 2001 para um no mês passado.
As mortes em confrontos com a polícia são chamadas de "autos de resistência", ou seja, pessoas que, supostamente, reagem à ação policial e são mortas em conflito.
Desde que começaram a ser oficialmente coletados, em 1998, nunca houve 105 casos por mês. O segundo maior número de mortes também é do governo Benedita, com 99 mortes em agosto.
A petista assumiu o governo em abril, quando Anthony Garotinho (PSB) renunciou para concorrer à Presidência da República.
A média mensal de mortos pela polícia foi de 33,08 em 1998, 24,08 em 1999, 35,58 em 2000, 49,33 em 2001 e 75,81 até novembro de 2002. Este ano já começou com um número alto de mortes, com 86 casos em janeiro. Os números oscilaram para 57 em fevereiro, 75 em maio, 99 em agosto, 73 em outubro e, agora, 105 em novembro, mostrando que o governo Benedita não conseguiu conter a violência da polícia.

Interpretação oficial

A coordenadora de Segurança, Jacqueline Muniz, reconheceu que o número de mortes é alto e disse que o atual governo tentou combater o problema treinando e qualificando a polícia. Afirmou ainda que as mortes resultam do aumento do número de confrontos entre policiais e traficantes cada vez mais bem armados.
"Não podemos ser ingênuos. Quem tem granada não se rende. Prendemos mais traficantes, os confrontos foram mais violentos, daí o número de mortes", disse.
Muniz disse que o aumento dos roubos obedece a uma tendência verificada normalmente nos finais de ano. "O tráfico também quer seu 13º salário", afirmou.
Ressaltou como positiva a manutenção da taxa de homicídios nos patamares de novembro de 2001 e a queda em relação a outubro, quando houve 577 mortes (3,9 por 100 mil habitantes).
O secretário de Segurança, Roberto Aguiar, disse que foi feita, em dezembro, uma ação de combate aos roubos, especialmente os roubos a residência.
Afirmou também não interpretar os números como sinal de um aumento generalizado da violência, mas um aumento das notificações, provocado pelo fato de a população estar confiando mais no trabalho da polícia. "Aumentamos a credibilidade e a transparência da segurança pública", disse o secretário.


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