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VIOLÊNCIA
Cirurgião teria confessado o crime para a sobrinha, que foi visitá-lo na clínica onde ele passou o fim de semana
Médico é acusado de esquartejar a amante
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A relação amorosa de 20 anos
entre o cirurgião plástico Farah
Jorge Farah, 53, e sua paciente
Maria do Carmo Alves, 46, terminou de forma trágica em São Paulo. Segundo a polícia e a própria
família de Farah, ele a esquartejou
usando instrumentos cirúrgicos,
colocou os pedaços do corpo em
sacos plásticos e os escondeu no
porta-malas de seu carro.
Os cinco sacos de lixo foram encontrados ontem de madrugada.
O carro estava na garagem do prédio onde ele mora. O corpo foi dividido, pelas articulações, em nove partes. Faltavam as mãos, as
vísceras e a pele de parte do rosto
e do peito da vítima.
O crime teria ocorrido sexta-feira, na clínica de Farah, em Santana (zona norte). Um dia depois
ele se internou na clínica de repouso Parque Julieta, na zona sul
-a mesma onde o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves se
internou em 2000, depois de matar sua ex-namorada.
Foi a sobrinha de Farah, a promotora de vendas Tânia Maria
Homsi, 35, que procurou a polícia. Ela disse que ouviu dele a confissão do crime. Ontem, em conversa com o delegado do 13º DP
(Casa Verde), Ítalo Miranda Júnior, na clínica, o médico teria dito que Maria do Carmo avançou
para cima dele com uma faca e
que ele a desarmou. Mas disse não
se lembrar do que houve depois.
O delegado acredita que o sumiço das mãos e das vísceras seja
uma tentativa de dificultar a identificação do corpo. "Esse crime foi
uma insanidade", disse o delegado, que trabalhou na caso do bandido conhecido como Chico Picadinho -que esquartejou duas
mulheres nas décadas de 60 e 70,
também usando instrumentos cirúrgicos. "O Chico Picadinho
também escondia as vísceras."
Farah e Maria do Carmo, que
era dona-de-casa, se conheceram
20 anos atrás, quando teriam tido
um relacionamento amoroso. Ela
se casou com o porteiro João de
Lima, 45, mas mantinha contato
com Farah. Segundo Lima, ela e o
médico frequentavam a mesma
igreja havia dez anos, e ela continuou cliente de Farah.
Em 2002, o relacionamento ficou mais conturbado. Em agosto,
ele registrou um boletim de ocorrência no qual narra telefonemas
de Maria do Carmo. Ela o acusava
de abusar de clientes.
Lima disse que sua mulher saiu
de casa às 14h de sexta-feira, mas
afirmou que iria a outro médico.
Desconfiado, ele foi até a clínica
no sábado. O cirurgião negou ter
visto Maria do Carmo.
Farah foi preso em flagrante ontem, ainda na clínica, por ocultação de cadáver e indiciado por homicídio. Teve mãos e pés algemados. Após ser liberado por seu
médico particular, ele foi transferido para o 13º DP, onde chegou
às 22h40. Em seguida ele começou a prestar depoimento.
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