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EDUCAÇÃO
Entidade cruzou notas do Provão e do exame de ordem; instituições públicas predominam entre as melhores
OAB avalia 215 cursos de direito e aprova 60
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Ordem dos Advogados do
Brasil divulgou ontem o selo
"OAB Recomenda": uma lista
com os 60 melhores cursos de direito do país de um conjunto 215
faculdades avaliadas pela instituição. O resultado foi obtido por
meio do cruzamento do desempenho dos alunos das instituições
no Provão e no exame de ordem,
que credencia um bacharel para o
exercício da advocacia.
Entre as mais bem classificadas
pela OAB, 36 são públicas, o que,
conforme o presidente da entidade, Rubens Aprobato Machado,
mostra que "o ensino público está
ruindo nos níveis médio e fundamental e é excelente no superior".
Segundo cadastro do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), existem 762
cursos jurídicos no Brasil. Em
2002, a cidade de São Paulo contava com 51 -apenas três deles receberam o "OAB Recomenda".
Tocantins, Mato Grosso do Sul,
Amapá e Roraima não tiveram
nenhum curso recomendado.
Em nota oficial, a OAB avaliou
que a situação da proliferação de
cursos de direito "chegou ao nível
de escândalo nacional".
Pela legislação, diante de um pedido de abertura de curso encaminhado ao Ministério da Educação, a OAB deve apresentar seu
parecer. Sua análise, no entanto,
não tem poder para barrar o processo, decisão que cabe ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
Nos últimos três anos, a OAB deu
parecer favorável à abertura de 19
cursos. O CNE autorizou 222, segundo a OAB.
"O MEC tem aprovado cursos
contra o parecer da OAB. Há um
aviltamento da profissão. Os alunos são vítimas de um estelionato
educativo porque prometem a
eles o exercício de uma profissão
quando a grande maioria não tem
condições de chegar a um tribunal", afirmou Ivette Senise Ferreira, 69, presidente da Comissão de
exame de ordem e ex-diretora da
faculdade de direito da USP.
Efrem Maranhão, 51, presidente
da Câmara de Ensino Superior do
CNE avaliou como "legítima e positiva" a lista da OAB. "Isso permite uma reflexão sobre qualidade. Mas há um plano nacional que
prevê a expansão do ensino superior. E a realidade é que liberar o
acesso à faculdade não impede o
aluno de ter dificuldades na sala
de aula. O processo de aprendizagem é individual", disse.
Machado e Roberto Busato,
presidente eleito da OAB, agora
vão procurar Tarso Genro, novo
ministro da Educação. Querem
que os pareceres da OAB sejam a
palavra final para autorizar ou
não a abertura de um curso.
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