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Site ensina a sobreviver na "selva"
LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO
Ao ser assaltado, não chore.
Nem entre em desespero. Esses
são alguns dos conselhos dados
pela Acie (Associação de Correspondentes de Imprensa Estrangeira) em seu site na seção "Sobrevivência na jungle" -assim
mesmo, com a palavra "selva" escrita em inglês- sobre como evitar assaltos no Rio de Janeiro.
Sediada no Rio, a Acie é a maior
das três associações de correspondentes estrangeiros em atividade
no Brasil. Ela tem mais de 200 filiados, responsáveis por enviar
notícias para 32 países do mundo.
A esses jornalistas são dirigidos
os conselhos sobre a "jungle" carioca. "Morar no Rio de Janeiro
pode ser uma aventura", informa
o site da Acie, que tem como presidente Mery Galanternick, do
jornal norte-americano "The
New York Times".
Na opinião de Mery, o uso da
expressão "jungle" e os conselhos
aos jornalistas para evitar assaltos, e como se comportar caso
não dê para evitá-los, foi uma forma "friendly" (simpática) de
abordar o assunto. Segundo o site,
as dicas "valem tanto para "gringos" como para nativos".
Mery informa que, até agora,
nenhum correspondente filiado à
Acie reclamou da página na Internet . "Achei engraçado. É anedótico", diz Mery, que contabiliza três
assaltos no Rio de Janeiro.
"Quando eu uso caixa eletrônico no Rio, me sinto paranóica",
afirma ela, que também já foi assaltada em Nova York.
Outro conselho dado aos correspondentes: "encontrando um
policial entre a saída da agência e
seu destino, cumprimente-o, pergunte por exemplo as horas. Se
você estiver sendo seguido, o ladrão vai se intimidar pensando
que foi descoberto".
Alguns correspondentes ouvidos pela Folha fizeram restrições
à abordagem do assunto e ao uso
da palavra "jungle".
"Na opinião mais caridosa, é
humor negro. Mesmo assim não é
apropriado. Eu não colocaria isso
na página", avalia o norte-americano Mac Margolis, há 18 anos no
Brasil, correspondente da revista
"Newsweek".
"Acho infeliz", afirma ele, que
nunca foi assaltado. "É o tipo de
coisa que, se constasse da página
do Departamento de Estado
Americano, eu faria reportagem",
afirma. "Mas vale a pena indagar
se isso transparece nos textos que
fazemos. Isso sim seria grave."
Nascido em Nova York e há sete
anos no Brasil, Michael Astor,
correspondente da agência Associated Press, não vê problema em
jornalistas estrangeiros associarem o Rio à "jungle". "Se fosse na
Suíça ninguém acharia ofensivo",
opina ele. "Talvez tenha sido um
jogo de palavras infeliz", diz.
"Mas essa "sensitez" de vocês é um
pouco exagerada."
Ao explicar como "sobreviver
na jungle", o site divide as dicas
em partes. No "kit básico de sobrevivência", a página aconselha
os jornalistas estrangeiros a anotar o número dos talões de cheque
em separado, para facilitar o cancelamento caso sejam roubados.
Em "cuidados necessários"
uma das recomendações para os
jornalistas ao volante de um carro
é "diminuir a marcha de forma a
parar de 30 a 50 metros antes do
sinal ou do carro da frente."
O guia de sobrevivência traz um
manual de como se comportar no
banco, durante o assalto e após "a
ocorrência". Durante o assalto, o
site aconselha não reagir, não fugir, não fazer movimentos bruscos e não carregar armas.
Além de se preocupar com a sobrevivência física, o site dos correspondentes estrangeiros também se preocupa com a integridade financeira dos associados. Há
uma seção específica informando
como evitar a bitributação.
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