São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2001

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Site ensina a sobreviver na "selva"

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO

Ao ser assaltado, não chore. Nem entre em desespero. Esses são alguns dos conselhos dados pela Acie (Associação de Correspondentes de Imprensa Estrangeira) em seu site na seção "Sobrevivência na jungle" -assim mesmo, com a palavra "selva" escrita em inglês- sobre como evitar assaltos no Rio de Janeiro.
Sediada no Rio, a Acie é a maior das três associações de correspondentes estrangeiros em atividade no Brasil. Ela tem mais de 200 filiados, responsáveis por enviar notícias para 32 países do mundo.
A esses jornalistas são dirigidos os conselhos sobre a "jungle" carioca. "Morar no Rio de Janeiro pode ser uma aventura", informa o site da Acie, que tem como presidente Mery Galanternick, do jornal norte-americano "The New York Times".
Na opinião de Mery, o uso da expressão "jungle" e os conselhos aos jornalistas para evitar assaltos, e como se comportar caso não dê para evitá-los, foi uma forma "friendly" (simpática) de abordar o assunto. Segundo o site, as dicas "valem tanto para "gringos" como para nativos".
Mery informa que, até agora, nenhum correspondente filiado à Acie reclamou da página na Internet . "Achei engraçado. É anedótico", diz Mery, que contabiliza três assaltos no Rio de Janeiro.
"Quando eu uso caixa eletrônico no Rio, me sinto paranóica", afirma ela, que também já foi assaltada em Nova York.
Outro conselho dado aos correspondentes: "encontrando um policial entre a saída da agência e seu destino, cumprimente-o, pergunte por exemplo as horas. Se você estiver sendo seguido, o ladrão vai se intimidar pensando que foi descoberto".
Alguns correspondentes ouvidos pela Folha fizeram restrições à abordagem do assunto e ao uso da palavra "jungle".
"Na opinião mais caridosa, é humor negro. Mesmo assim não é apropriado. Eu não colocaria isso na página", avalia o norte-americano Mac Margolis, há 18 anos no Brasil, correspondente da revista "Newsweek".
"Acho infeliz", afirma ele, que nunca foi assaltado. "É o tipo de coisa que, se constasse da página do Departamento de Estado Americano, eu faria reportagem", afirma. "Mas vale a pena indagar se isso transparece nos textos que fazemos. Isso sim seria grave."
Nascido em Nova York e há sete anos no Brasil, Michael Astor, correspondente da agência Associated Press, não vê problema em jornalistas estrangeiros associarem o Rio à "jungle". "Se fosse na Suíça ninguém acharia ofensivo", opina ele. "Talvez tenha sido um jogo de palavras infeliz", diz. "Mas essa "sensitez" de vocês é um pouco exagerada."
Ao explicar como "sobreviver na jungle", o site divide as dicas em partes. No "kit básico de sobrevivência", a página aconselha os jornalistas estrangeiros a anotar o número dos talões de cheque em separado, para facilitar o cancelamento caso sejam roubados.
Em "cuidados necessários" uma das recomendações para os jornalistas ao volante de um carro é "diminuir a marcha de forma a parar de 30 a 50 metros antes do sinal ou do carro da frente."
O guia de sobrevivência traz um manual de como se comportar no banco, durante o assalto e após "a ocorrência". Durante o assalto, o site aconselha não reagir, não fugir, não fazer movimentos bruscos e não carregar armas.
Além de se preocupar com a sobrevivência física, o site dos correspondentes estrangeiros também se preocupa com a integridade financeira dos associados. Há uma seção específica informando como evitar a bitributação.



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