São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2002

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Encontrada base de Andinho em MG

KEILA RIBEIRO
DA FOLHA VALE

MARCELO CLARET
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

A Polícia Civil de Minas Gerais encontrou anteontem, em Brasópolis, sul do Estado, duas casas que seriam utilizadas como "quartel-general" do sequestrador Wanderson Newton de Paula Lima, 23, o Andinho, que atuava na região de Campinas.
Andinho, preso na última segunda-feira em Itu (SP), era um dos criminosos mais procurados do Estado de São Paulo.
O criminoso é suspeito de ter comandado 11 sequestros no Estado e de estar envolvido no assassinato do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, ocorrido no dia 10 de setembro de 2001, ainda não esclarecido pela polícia.
O QG do grupo seria coordenado pelo policial militar Ronaldo de Azevedo Góes, 34, que trabalhava em Campos do Jordão (167 km de SP) e morava em Brasópolis. Ele atuava como segurança de Andinho e seria responsável pela compra das casas na cidade e por acobertar o grupo, que poderia usar as moradias como esconderijo ou cativeiro sem levantar a suspeita da polícia ou moradores.
Uma das casas, avaliada em R$ 34 mil, ainda estava em construção, mas a outra estava mobiliada com objetos de alto valor.
Essa última casa, negociada pelo soldado com a justificativa de que seria utilizada por uma amiga que iria estudar em Itajubá, foi comprada por R$ 130 mil à vista, com notas distribuídas em sacolas de supermercado, entregues pela mulher ao ex-proprietário.
O local teria abrigado, durante o Carnaval, integrantes da quadrilha, entre eles o próprio Andinho, que teria sido reconhecido por moradores da cidade.

QG desocupado
Ninguém foi preso no local porque a casa foi abandonada no último domingo. Havia pratos sujos na pia, roupas na máquina de lavar e outras peças que pertenceriam ao criminoso.
O delegado de Brasópolis, Alexandre Andrade de Castro, disse que a descoberta foi feita somente após a prisão do sequestrador.
"São Paulo já sabia que o Andinho estava em Minas, mas não sabia em que cidade. Pelos objetos que encontramos na casa e pelas informações que recolhemos, é certo que ele esteve aqui no Carnaval e que usou a casa como esconderijo", afirmou.
Segundo o delegado Castro, a quadrilha devia se reunir na moradia. As suspeitas da polícia estão sendo consideradas porque a casa escolhida era fechada e não permitia a sua visualização.
Nas poucas janelas havia películas de "insulfilm", a entrada era fechada com portões de madeira e a garagem estava localizada em uma parte subterrânea, o que dificultava a visão para quem estava fora da casa.
Além disso, há a desconfiança de que o local estivesse sendo preparado para servir de cativeiro.
Na casa desocupada, a polícia encontrou armários, geladeiras cheias de alimentos não-perecíveis e comida congelada.
A polícia reuniu também notas fiscais no valor de R$ 18 mil, que comprovam que o policial foi o responsável pela compra dos móveis da casa de Andinho em uma loja em Itajubá.



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