São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Eu realmente voei, diz vítima de explosão

Marizete Monteiro da Silva, 39, foi arremessada sobre um toldo durante acidente ocorrido no centro do Rio de Janeiro

A funcionária da fábrica de bijuterias diz não ter ficado soterrada nos escombros porque não estava dentro da sala na hora da explosão

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Arremessada para fora do prédio onde trabalhava e salva por um toldo que cobria a varanda de um dos andares do edifício, Marizete Monteiro da Silva, 39, funcionária da fábrica de bijuterias que explodiu anteontem, no centro do Rio, afirma que só teve um desejo no momento do acidente: sobreviver para "acabar de criar" o filho, um estudante de dez anos.
"Eu realmente voei. Depois que ouvi o estrondo, quando me dei conta, vi que estava sobre um toldo. Perguntei para uma moça onde estava, e ela me respondeu que era o terceiro andar do prédio. Então eu falei, que bom que estou viva e posso acabar de criar o meu filho", contou Marizete.
Ela mora em um loteamento em Santa Cruz, zona oeste do Rio, a 60 quilômetros de seu local de trabalho, e disse que só não ficou soterrada nos escombros porque não estava dentro da sala onde ficava a fábrica.
"Era cedo, e eu estava fora da sala, perto da porta de entrada. Ainda não tinha começado a trabalhar. Só por isso não fui queimada e não fiquei embaixo dos escombros", relatou.
"Foi um susto e tanto. Tive medo de morrer. Agora estou em casa com muitas dores pelo corpo, toda "quebrada"... Mas as dores vão passar, com certeza. Só não sei como vai ficar o meu emprego na fábrica", lamentou.

Perito
Técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli e da Defesa Civil do Estado realizaram perícia no local da explosão de anteontem.
Segundo eles, não há risco de novos desabamentos. A Polícia Civil investiga as causas.
O prédio na rua Regente Feijó fica em uma das áreas comerciais mais movimentadas do Rio e está interditado pela Defesa Civil. A interdição será mantida até que seja concluída a demolição da parte atingida.
Os peritos permitiram que moradores dos quatro primeiros andares fossem até os apartamentos para pegar pertences.
A CEG (Companhia Estadual de Gás) fez uma vistoria na tubulação que passa pela rua e não encontrou nenhum problema no encanamento.
Peritos do ICCE acreditam que o acidente deve ter sido provocado por um cilindro de gás acetileno, que é usado em maçaricos, ou por um botijão de gás de cozinha.
O proprietário da fábrica de bijuterias onde ocorreu a explosão, Eduardo Santos, 72, admite que o equipamento estava sendo usado no local.
Equipes da Defesa Civil encontraram no andar onde aconteceu o acidente 13 botijões de gás de cozinha, oxigênio e acetileno. Segundo o Corpo de Bombeiros, o proprietário da fábrica não tinha autorização para usar botijões de gás. O código de segurança contra incêndio e pânico proíbe o uso de botijão onde há gás encanado.
Seis das nove pessoas resgatadas após a explosão permanecem internadas no Hospital Souza Aguiar -três delas em estado grave.


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