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Mosteiro já esperava achar ao menos 1 múmia no local, diz cônego
Descoberta não foi por acaso, diz Celso Pedro da Silva, ex-capelão do mosteiro da Luz; cupins, justificativa para a escavação, estavam comprometendo o local
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
O cônego Celso Pedro da Silva, que foi capelão do mosteiro
da Luz (no centro de São Paulo)
por oito anos, disse ontem que
a equipe que escavou um dos
túmulos do antigo cemitério do
mosteiro e encontrou dois corpos mumificados já sabia da
existência de pelo menos um
"corpo intacto" no local.
"As irmãs [da ordem Concepcionista, que vivem em clausura no mosteiro] sempre contaram que um dos túmulos já havia sido aberto uma vez, há cerca de 70 anos", disse Silva, que
hoje ocupa o cargo de procurador do mosteiro.
A data é imprecisa porque,
segundo ele, entre as atuais 14
irmãs do convento, já não há
mais nenhuma daquela época.
As mais velhas, diz ele, têm 60
anos de clausura e contam que
a abertura ocorreu antes de entrarem para o mosteiro.
A pista, segundo o cônego,
era uma saliência que podia ser
observar no reboco do túmulo
onde foram encontradas as
múmias. "Era marca de um buraco que depois foi tapado."
A descoberta, segundo Silva,
não foi fortuita, como informou
anteontem a direção do museu
de Arte Sacra do mosteiro
-embora os cupins, justificativa da direção do museu para a
escavação, de fato comprometam o local.
Além do carneiro [gaveta
mortuária comum em construções antigas] onde foram achadas as múmias, um outro foi
aberto, mas não foi tocado por
orientação de arqueólogos.
A idéia, que "sempre existiu",
mas nunca foi executada, era
abrir os túmulos para comprovar se havia corpos intactos.
O cônego diz que a decisão foi
tomada em conjunto por ele,
pela diretora do museu, Mari
Marino, pela abadessa do convento, madre Eliana. Além da
descupinizadora, uma equipe
de 12 pessoas, entre arqueólogos, legistas, religiosos e fotógrafos, acompanhou a abertura
desde a primeira martelada.
Outros quatro carneiros permanecem fechados e serão
analisados com radares para
avaliar a necessidade de abertura. No chão há mais dois túmulos. Não se sabe quantos
corpos estão sepultados no local. Desde 1774, quando o mosteiro foi construído pelo frei
Galvão, 129 irmãs foram enterradas ali. Mas, a partir de 1822,
as freiras passaram a ser enterradas fora do prédio.
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