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Leilão fecha escola e surpreende alunos
Pais e estudantes do colégio Maria Nazareth encontraram instituição fechada na manhã de ontem
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO
Pais e alunos do colégio Maria Nazareth, no Morumbi, deram de cara com a porta da instituição fechada, ontem de manhã. A escola, particular, foi interditada por oficiais de Justiça
que executaram uma dívida
trabalhista de quando funcionava no local o colégio Galileu
Galilei. O imóvel fora leiloado
em dezembro e ontem era o
prazo para que o Maria Nazareth deixasse o terreno.
Os pais dos cerca de 130 alunos -do ensino infantil ao médio, que tiveram aula normalmente na terça-feira- não sabiam que a escola ia ser fechada. Alguns deles receberam
uma ligação da escola dizendo
que ela não abriria na quarta
porque seria dedetizada.
"Estou com dó do meu filho",
disse a mãe de um estudante.
"Ele me perguntou: "Mamãe,
eu não vou para a escola hoje?"
O publicitário Roberto Giusti
Rossi, pai de dois meninos que
estudavam no Maria Nazareth
-na segunda e na quarta série-, ficou surpreso com o "fechamento repentino". "Me
senti ultrajado", diz ele, que ficou sabendo da "dedetização"
pela mãe de um aluno. "Pelo
visto, a escola foi muito bem
dedetizada. Tiraram o principal rato de lá. Uma pessoa que
some de repente [referindo-se
ao dono da escola], acho que
não tem boa intenção."
Funcionários, que agora estão desempregados, disseram
que foram avisados na noite de
terça que a escola seria fechada
porque fora leiloada. "Assim
que soubemos, fomos até lá e ficamos até de madrugada pegando documentos e removendo os computadores para salvar
as informações dos alunos",
disse uma professora.
Segundo outra professora, a
história era comentada nos
corredores da escola, mas os
funcionários não sabiam que
ela já havia sido leiloada. Ontem, funcionários e pais de alunos reclamavam porque o dono
da escola, Tiago Borghi, não dera explicações nem aparecera.
Revoltados, cerca de 20 pais
foram ao 89º Distrito Policial. A
Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que foi
registrado boletim de ocorrência como averiguação de estelionato e que foi aberto inquérito para apurar o caso.
O Tribunal Regional do Trabalho afirmou que o dono do
colégio havia sido avisado em
janeiro que deveria deixar o
imóvel, leiloado em dezembro.
Segundo Wagner Barbosa
Rodrigues, advogado de Tiago
Borghi, a escola é locatária do
terreno e entrará com recurso
contra a decisão. Ele disse ainda que em até 15 dias o colégio
entrará em contato com os
pais, "visando a solução do problema causado pela desocupação do prédio e conseqüente
paralisação das aulas". Rodrigues afirmou que Borghi não
apareceu na escola porque sofreu uma crise nervosa.
Ontem, oficiais retiravam
móveis e materiais do local.
Pais e professores se reunirão hoje para discutir a acomodação dos alunos em escolas da
vizinhança e também para conversar sobre possíveis ações
contra a escola. A Secretaria
Estadual da Educação afirmou
que eles podem procurar a rede
pública de ensino.
A Folha tentou contato com
o advogado do colégio Galileu
Galilei, mas ninguém atendeu.
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