São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Leilão fecha escola e surpreende alunos

Pais e estudantes do colégio Maria Nazareth encontraram instituição fechada na manhã de ontem

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REDAÇÃO

Pais e alunos do colégio Maria Nazareth, no Morumbi, deram de cara com a porta da instituição fechada, ontem de manhã. A escola, particular, foi interditada por oficiais de Justiça que executaram uma dívida trabalhista de quando funcionava no local o colégio Galileu Galilei. O imóvel fora leiloado em dezembro e ontem era o prazo para que o Maria Nazareth deixasse o terreno.
Os pais dos cerca de 130 alunos -do ensino infantil ao médio, que tiveram aula normalmente na terça-feira- não sabiam que a escola ia ser fechada. Alguns deles receberam uma ligação da escola dizendo que ela não abriria na quarta porque seria dedetizada.
"Estou com dó do meu filho", disse a mãe de um estudante. "Ele me perguntou: "Mamãe, eu não vou para a escola hoje?"
O publicitário Roberto Giusti Rossi, pai de dois meninos que estudavam no Maria Nazareth -na segunda e na quarta série-, ficou surpreso com o "fechamento repentino". "Me senti ultrajado", diz ele, que ficou sabendo da "dedetização" pela mãe de um aluno. "Pelo visto, a escola foi muito bem dedetizada. Tiraram o principal rato de lá. Uma pessoa que some de repente [referindo-se ao dono da escola], acho que não tem boa intenção."
Funcionários, que agora estão desempregados, disseram que foram avisados na noite de terça que a escola seria fechada porque fora leiloada. "Assim que soubemos, fomos até lá e ficamos até de madrugada pegando documentos e removendo os computadores para salvar as informações dos alunos", disse uma professora.
Segundo outra professora, a história era comentada nos corredores da escola, mas os funcionários não sabiam que ela já havia sido leiloada. Ontem, funcionários e pais de alunos reclamavam porque o dono da escola, Tiago Borghi, não dera explicações nem aparecera.
Revoltados, cerca de 20 pais foram ao 89º Distrito Policial. A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que foi registrado boletim de ocorrência como averiguação de estelionato e que foi aberto inquérito para apurar o caso.
O Tribunal Regional do Trabalho afirmou que o dono do colégio havia sido avisado em janeiro que deveria deixar o imóvel, leiloado em dezembro.
Segundo Wagner Barbosa Rodrigues, advogado de Tiago Borghi, a escola é locatária do terreno e entrará com recurso contra a decisão. Ele disse ainda que em até 15 dias o colégio entrará em contato com os pais, "visando a solução do problema causado pela desocupação do prédio e conseqüente paralisação das aulas". Rodrigues afirmou que Borghi não apareceu na escola porque sofreu uma crise nervosa.
Ontem, oficiais retiravam móveis e materiais do local.
Pais e professores se reunirão hoje para discutir a acomodação dos alunos em escolas da vizinhança e também para conversar sobre possíveis ações contra a escola. A Secretaria Estadual da Educação afirmou que eles podem procurar a rede pública de ensino.
A Folha tentou contato com o advogado do colégio Galileu Galilei, mas ninguém atendeu.


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