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INTERNET
Estão na Justiça processos contra empresas que registram nomes de marcas famosas para vender ou divulgar páginas
Disputa por nomes de sites chega ao país
THIAGO STIVALETTI
da Redação
A briga por um espaço na Internet chegou ao Brasil. Os endereços
de sites na Web -conhecidos como domínios- estão rendendo
até disputas judiciais.
O registro dos domínios terminados em ".br" é feito pela Fapesp
(Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo). De acordo com o regulamento, salvo exceções, o domínio fica com quem registrá-lo primeiro, mesmo que a
patente seja de outra empresa.
Conflitos de propriedade são decididos na Justiça. Não há relação
entre regras de domínios e normas
sobre marcas e patentes.
"Essas questões deviam ser resolvidas na própria Fapesp, mas isso demandaria um aumento de sua
equipe", diz Juliana Viegas, presidente da ABPI (Associação Brasileira da Propriedade Industrial).
No Brasil, empresas começam a
mover processos contra donos de
domínios relativos a suas marcas.
A Rede Globo prepara um processo contra a ML, editora de Itabuna
(BA), por ter registrado os domínios jornalnacional.com.br e globoesporte.com.br.
Marcel Leal de Oliveira, dono da
ML, afirma que comprou os domínios "como investimento". Ele diz
que negociou com a Globo a venda
de globoesporte.com.br, mas não
fechou negócio.
Marcel afirma que, nas negociações, o preço do domínio foi baixado mediante um acordo que previa
a inclusão de links para suas páginas no novo site. A Globo nega ter
negociado com a editora.
A AOL (America Online)
-maior provedor do mundo, com
mais de 15 milhões de usuários-
move ação contra a paranaense
America On Line Telecomunicações, dona do domínio aol.com.br.
Há menos de um mês, uma juíza
de Curitiba expediu liminar determinando a devolução provisória
do domínio à Fapesp.
Outro processo é movido pela
Ayrton Senna Empreendimentos,
da família do piloto, contra o provedor Africanet, de Belo Horizonte, dono de asenna.com.br.
Segundo Ana Eliza Salgado, advogada da Ayrton Senna Empreendimentos, os criadores do site usavam o logotipo do Instituto
Ayrton Senna e vendiam produtos
pirateados com o nome do piloto.
"O problema não é de conteúdo.
Muitos sites homenageiam o Senna e não fazemos nada", diz.
Roberto Orlando Almeida, dono
do Africanet, diz que seu provedor
registrou o domínio para um fã do
piloto de 17 anos. "Nunca usamos
o logo da empresa deles nem vendemos produtos no site", afirma.
A espanhola Telefonica pode ter
problemas com domínios no Brasil. Ela tem sites para cada país em
que atua: telefonica.com.es (Espanha), telefonica.com.ar (Argentina) e telefonica.com.pe (Peru).
Mas, no Brasil, o domínio telefonica.com.br foi registrado pela
Greco Produções, empresa de vídeo e foto de São Paulo.
O dono da empresa, Carlos Alberto Greco, afirma que não pretende vender seus domínios. A Telefônica informa que não tentou
comprar telefonica.com.br.
Registrar para vender
Empresas brasileiras registram
domínios "ilustres" com objetivos
que vão do marketing ao lucro.
A Inova, empresa de hospedagem de sites em Fortaleza, tem 69
domínios registrados para venda,
entre eles natal.com.br, eleicoes2000.com.br e free.com.br.
"Nossa melhor venda foi copadomundo.com.br para a Starmedia, empresa de Nova York, por
US$ 6.500", diz Claudio Henrique
Santos, proprietário da Inova.
A reportagem da Folha enviou
um e-mail à Inova propondo R$
1.500 para o domínio natal.com.br.
A empresa respondeu pedindo R$
15.000, pelo "potencial de valorização" do domínio.
Paulo César Chacur, diretor da
USAway, empresa de hospedagem
de sites e comércio eletrônico,
comprou domínios como calvinklein.com.br e ferrari.com.br.
Segundo Chacur, a idéia da USAway é oferecer os serviços da empresa aos detentores das marcas.
Se a empresa não quiser contratar a USAway, o domínio é repassado a ela.
"Vender domínios para lucrar
queima o filme no mercado", diz
Chacur.
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